Apesar do Produto Interno Bruto (PIB) apresentar resultados positivos no primeiro trimestre deste ano, o consumo das famílias brasileiras perdeu força durante o período. De acordo com a economista-chefe da Coface, Patrícia Krause, a demanda doméstica mostrou-se enfraquecida no início de 2023, enquanto o consumo do setor público se manteve estável. Ela destaca que o crescimento do PIB foi impulsionado pelo setor externo, devido à queda acentuada das importações, evidenciando uma fraqueza na atividade doméstica. Para os próximos trimestres, prevê-se uma desaceleração gradual, devido ao impacto da taxa de juros e do aperto monetário na atividade econômica.
O economista Alexandre Maluf, da XP, também avalia que o consumo das famílias aumentou em ritmo mais lento em comparação com o trimestre anterior. Ele ressalta que as despesas pessoais com bens e serviços devem continuar em declínio nos próximos trimestres, em linha com as condições de crédito mais restritas e a dissipação do impulso “pós-Covid”, além da desaceleração do mercado de trabalho. A retração da absorção doméstica no primeiro trimestre reforça essa visão, uma vez que o crescimento robusto do PIB foi impulsionado principalmente por setores menos sensíveis ao ciclo econômico.
No primeiro trimestre de 2023, o PIB cresceu 1,9% em relação ao trimestre anterior, com ajuste sazonal. Em comparação com o mesmo trimestre de 2022, houve um crescimento de 4,0%. No acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB aumentou 3,3% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. Esse desempenho foi impulsionado pelo crescimento expressivo de 21,6% da Agropecuária, a maior alta do setor desde o quarto trimestre de 1996. Em valores correntes, o PIB atingiu a marca de R$ 2,6 trilhões, representando a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil. O setor de serviços, com maior peso no indicador, teve um crescimento de 0,6% no período, impulsionado principalmente pelos setores de Transportes e Atividades Financeiras, com crescimento de 1,2%.