O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA) criticou a decisão do colegiado de rejeitar parte dos pedidos de requerimentos de oitivas. Em sessão desta terça-feira, 13, para analisar mais de 250 solicitações protocoladas pelos integrantes da comissão, a maioria dos parlamentares votou contra o convite ao ministro da Justiça, Flávio Dino; do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias; e do ex-diretor-adjunto da Agência Brasiliera de Inteligência (Abin), Saulo Moreira da Cunha. A CPMI também retirou de pauta o requerimento que previa o depoimento do secretário-executivo da Justiça, Ricardo Cappelli.
No fim da sessão, Arthur Maia se posicionou por meio de nota. “Como presidente da CPMI sou responsável por pautar os requerimentos, mas quem decide pela aprovação ou rejeição é o Plenário. Registro que considero ruim para a credibilidade dos trabalhos a rejeição de requerimentos para ouvir pessoas que estão no centro dos episódios de 8/1”, disse.
A rejeição dos requerimentos representa a primeira derrota da oposição no colegiado – o grupo contrário ao governo Lula é minoritário na comissão, mas via as oitivas de nomes ligados ao governo Lula como peças-chave para a investigação. Apesar de o Palácio do Planalto contar com maioria na comissão, o senador Eduardo Girão (Novo-CE) chegou a dizer que o Planalto “invadiu” a CPMI em busca de blindagem. “Essa CPMI, ela vai escancarar uma proteção, uma blindagem, ao governo Lula. Isso mostra a força do governo, realmente tem que reconhecer, uma força poderosa do governo Lula, que veio invadir esta CPMI para blindar”, afirmou.
Os parlamentares aprovaram a convocação de nomes do núcleo duro do governo Jair Bolsonaro, entre eles o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ministro da Casa Civil Braga Netto, que foi vice de Bolsonaro na campanha presidencial de 2022, e o ex-ministro do GSI Augusto Heleno. Arthur Maia vai se reunir com a cúpula da CPMI ainda hoje para definir os primeiros a serem ouvidos na comissão, já na semana que vem. Ele também irá se encontrar com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para tratar dos inquéritos sob sigilo.