‘Delação premiada é para criminoso. Ele é um herói nacional’, diz advogado de Silvinei

A defesa do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, afirmou que não foi oferecido ao cliente um acordo de delação premiada e que ele não aceitaria de qualquer maneira. O advogado Eduardo Nostrami declarou que esse tipo de acordo é destinado a criminosos e que seu cliente é considerado um herói nacional.

“Ele nunca aceitaria. Delação premiada é para criminoso. Ele é uma pessoa do bem, um herói nacional”, disse o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão.

A defesa pretende entrar em breve com um requerimento para revogar a prisão preventiva do ex-diretor. O advogado afirma que Silvinei negou ter utilizado a PRF para prejudicar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva durante as eleições de 2018. Ele comparou essa acusação a assaltar um banco com mil pessoas e assegurou que a inocência de seu cliente será comprovada quando os documentos referentes à operação rodoviária para as eleições forem analisados.

Silvinei Vasques depôs nesta quinta-feira (10) à Polícia Federal. Ele é suspeito de ter comandado uma operação rodoviária no dia das eleições para prejudicar a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 30 de outubro do ano passado, data do segundo turno das eleições, a Polícia Rodoviária realizou diversos bloqueios de trânsito em todo o Brasil, mas principalmente no Norte e no Nordeste, onde, de acordo com as pesquisas, o petista tinha vantagem sobre Jair Bolsonaro.

À PF, Vasques negou que tenha agido para prejudicar Lula. Segundo ele, a intenção das blitze da PRF era coibir a compra de votos. As reuniões com policiais, segundo a defesa, foram naturais, realizadas para cumprir o que a legislação exige. “Não é porque é dia de eleição que o sujeito pode andar com droga. Não dá liberdade para praticar crime”, declarou o advogado Eduardo Nostramini.

O depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília, durou mais de duas horas. Silvinei chegou ao Distrito Federal ontem, após ser preso em Florianópolis no âmbito da Operação Constituição Cidadã. A PF deflagrou a investigação após denúncia de Clébson Vieira, ex-analista de inteligência do Ministério da Justiça. Ele estranhou o pedido de levantamento dos locais onde Lula havia conquistado votação expressiva no primeiro turno.

Após a oitiva, o ex-diretor da PRF seguiu para a Papuda, onde cumprirá prisão preventiva. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), justificou em sua decisão que Silvinei ainda exerce grande influência sobre os agentes da PRF e, por isso, deve permanecer detido.

Nesta quinta-feira, Lucas Furtado, subprocurador-geral do Ministério Público Federal (MPF), pediu a suspensão da aposentadoria de Vasques. Segundo o MPF, ele solicitou o benefício em dezembro, quando já corriam contra ele diversos processos administrativos.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

x