O jornal O Estado de S. Paulo classificou como “antirrepublicana” e “deplorável” a atitude da gestão Lula (PT) de utilizar canais governamentais para debochar de adversários políticos. Publicado nesta quarta-feira (31), o editorial intitulado Deboche Republicano defende que a prática é incompatível com a comunicação impessoal e transforma as redes do governo em “palanques digitais”.
– A Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) achou adequado debochar do ex-presidente Jair Bolsonaro usando, para isso, uma campanha de utilidade pública. O caso diz respeito à batida da Polícia Federal numa das casas da família Bolsonaro na investigação sobre o suposto uso da Abin pelo ex-presidente. No momento em que as redes sociais se mobilizaram para comentar o episódio, o governo petista aproveitou a publicação de um post de campanha contra a dengue para tripudiar das agruras da família Bolsonaro. Além do cinismo evidente, trata-se de atitude antirrepublicana, deplorável por definição – avaliou o periódico.
Ao longo de sua reflexão, o jornal menciona outros episódios em que o governo expressou “ironia, zombaria e referências veladas” contra seus adversários em canais oficiais.
– Quando Bolsonaro ficou inelegível, por exemplo, o perfil oficial do governo, a título de festejar a redução do preço da gasolina, exclamou “grande dia”, em referência nada sutil à frase que o ex-presidente costumava usar para comemorar notícias favoráveis ao governo e reveses de adversários. Em outra campanha, destinada a alertar a população a declarar o Imposto de Renda, os redatores lulopetistas trouxeram uma pergunta: “E aí, tudo joia?”. O post foi publicado durante a investigação sobre as joias recebidas por Bolsonaro da Arábia Saudita – acrescentou.
O Estadão também disse ser “espantoso” que o ministro da Secom, Paulo Pimenta, se regozije com o método. Por fim, avaliou que, com essa atitude, o lulopetismo mostra que o Estado serve ao Partido dos Trabalhadores (PT), e não aos cidadãos.
– Ironia e deboche são incompatíveis com uma comunicação pública, impessoal, republicana. Fazer referências, mesmo indiretas, a um adversário é converter canais governamentais em palanques digitais. Na sua obsessão para atingir o bolsonarismo, o governo recorre às mesmas práticas que dizia condenar na gestão anterior. No fim das contas, o post só reafirma a ideia de que, para o lulopetismo, a máquina do Estado deve estar a serviço não dos cidadãos, mas do partido – conclui o jornal.
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