O premiê de Israel Benjamin Netanyahu criticou, nesta quinta-feira (9), os Estados Unidos e afirmou que seu país lutará sozinho, se for necessário, na guerra contra o Hamas. O tom desafiador foi adotado depois que o presidente norte-americano, Joe Biden, suspendeu o envio de armas para o Exército israelense por preocupações com o ataque a Rafah, no sul de Gaza, porque há mais de 1 milhão de palestinos refugiados.
Israel diz que Rafah é o último reduto do Hamas, por isso Netanyahu vem repetindo a promessa de invadir a cidade, apesar dos apelos.
– Se tivermos de ficar sozinhos, ficaremos. Se precisarmos, lutaremos com as unhas. Mas temos muito mais do que unhas – afirmou.
O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, disse que Israel tem munição suficiente para atacar Rafah, sem depender da ajuda americana.
– Temos os armamentos para as missões que planejamos. Temos inclusive para a operação em Rafah – informou.
Membros do gabinete do premiê se dividiram entre lamentos e críticas à ameaça de Biden de reter o envio de 3,5 mil bombas a Israel. Na última quarta-feira (8), o presidente americano disse que ampliaria o embargo de armas, caso Netanyahu insistisse em atacar Rafah.
O embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, afirmou nesta quinta que a suspensão do envio das bombas e a advertência de Biden fortalecem o Hamas.
– Qualquer pressão sobre Israel ou restrição que seja imposta, inclusive por aliados preocupados com nossos interesses, são interpretadas por nossos inimigos como algo que lhes dá esperança – disse.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, escreveu na rede social X: “Hamas ama Biden”.
Nadav Eyal, colunista do jornal Yedioth Ahronoth, classificou a decisão dos EUA como “o conflito mais sério” entre um governo americano e israelense desde a primeira guerra do Líbano, em 1982, quando o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, suspendeu a entrega de munições a Israel.
Biden recebeu críticas de todos os lados pela decisão de vetar a entrega das bombas a Israel – de republicanos e de democratas descontentes com a medida. Donald Trump, rival nas eleições presidenciais de novembro, chamou a abordagem da Casa Branca de “trágica”.