Após a trégua da segunda-feira (24), em que recuou para R$ 5,39, o dólar voltou a ser pressionado e chegou a bater R$ 5,52 – o maior número desde 17 de novembro de 2022. Às 11h50, a cotação estava em R$ 5,50, com alta de 0,90%. O Ibovespa, principal indicador da B3, caia 0,50%, para 121.715 pontos.
Além da tendência externa de valorização, a moeda americana reflete também os efeitos das declarações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre gasto público e autonomia do Banco Central.
Em entrevista ao portal UOL, o presidente afirmou que o governo está fazendo uma análise sobre os gastos públicos para verificar se há exageros e desperdício em alguma área.
Segundo ele, no entanto, essa avaliação ocorre sem considerar os humores do mercado. O presidente emendou ainda que há muitos outros países que gastam muito mais que o Brasil.
Lula afirmou ainda que não é possível desvincular o Benefício de Prestação Continuada (BPC), pago a pessoas idosas e de baixa renda com deficiência, e as pensões da política de valorização do salário mínimo.
– Não é (possível), porque não considero isso gasto, gente. A palavra salário mínimo é o mínimo que a pessoa precisa para sobreviver – disse.
Para analistas, as falas do presidente colocam por terra uma das medidas que vendo sendo discutidas para equilibrar as contas públicas. Segundo especialistas, essas declarações acabam criando desconfiança em relação à condução das políticas econômicas do País, tanto a política fiscal quanto a política monetária.
Até as 10h15, a moeda brasileira exibia o segundo pior desempenho entre as moedas emergentes, atrás do peso colombiano
O analista de mercado da Stonex, Leonel Mattos, afirmou que o mercado está reagindo à aversão ao risco em relação aos ativos brasileiros. A aversão ao risco geralmente ocorre quando investidores estão preocupados com a estabilidade econômica e política do País, bem como com possíveis mudanças nas políticas econômicas que podem afetar os investimentos.
– Há pessimismo e desconfiança em relação à condução das políticas fiscal e monetária, mas com maior peso para o fiscal – analisa Mattos.