O primeiro-ministro francês, Michel Barnier, apresentou sua renúncia ao presidente Emmanuel Macron nesta quinta-feira (05), após a aprovação de uma moção de censura pela Assembleia Nacional, conforme estabelece o artigo 50 da Constituição francesa.
Barnier chegou ao Palácio do Eliseu por volta das 10h (horário local) e deixou o local rapidamente após oficializar o pedido.
A Assembleia Nacional rejeitou o governo de Barnier por 331 votos a favor da moção, bem acima da maioria absoluta de 288, em sessão realizada na quarta-feira (4). O orçamento para 2025 também foi rejeitado, encerrando a gestão de Barnier após apenas 91 dias no cargo. A censura contou com o apoio de parlamentares de diferentes espectros políticos, tanto de esquerda quanto de direita.
O presidente Macron fará um pronunciamento oficial ao povo francês às 20h (horário local), prometendo abordar as incertezas políticas. Apesar do desgaste, o episódio não afeta diretamente o mandato de Macron, que se estende até 2027. Em meio à dissolução da Assembleia Nacional em junho e às novas eleições realizadas em setembro, Macron havia nomeado Barnier, de 73 anos, como primeiro-ministro em busca de estabilidade para o governo.
A presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, pediu celeridade na nomeação de um novo primeiro-ministro, destacando que o governo precisa garantir estabilidade e aprovar o orçamento necessário para o país. Braun-Pivet criticou a situação como um “fracasso coletivo” e defendeu que a Assembleia precisa continuar funcionando, já que uma nova dissolução do Parlamento só poderá ocorrer a partir de julho de 2025.
Em entrevista à rádio France Inter, Braun-Pivet enfatizou a necessidade de incluir todos os líderes partidários, inclusive os do Reunião Nacional (RN), em futuras consultas presidenciais, sem que isso implique negociações diretas com o partido de extrema direita. Ela reforçou que ouvir o desejo dos eleitores que optaram pelo RN é essencial para compreender o cenário político.
Com a adoção da moção de censura, o governo de Barnier tornou-se o mais breve da Quinta República francesa, iniciada em 1958. Fontes próximas ao presidente indicaram que Macron pode anunciar o sucessor de Barnier ainda antes da cerimônia de reabertura da Catedral de Notre-Dame, prevista para o fim de semana, embora a decisão ainda não tenha sido finalizada.
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