Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump e figura de destaque da direita nos Estados Unidos, afirmou que buscará influenciar a política externa norte-americana para sancionar o Brasil, após a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro na posse presidencial do republicano, realizada na última segunda-feira, em Washington. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Bannon declarou que pedirá ao senador Marco Rubio que tome medidas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a quem chamou de “corrupto”.
Recentemente, Bannon organizou um encontro internacional de líderes conservadores, no qual Bolsonaro era esperado como convidado principal. No entanto, o ex-presidente brasileiro não compareceu e enviou representantes, entre eles seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro.
“Não falo em nome do presidente Trump, mas o movimento MAGA (Make America Great Again) adora Bolsonaro. Nossa recomendação é que sejam aplicadas sanções severas ao Brasil e, em especial, a esse juiz (Moraes), para que ele não tenha acesso algum aos Estados Unidos”, disse Bannon, segundo o jornal. Ele ainda acrescentou: “Vou conversar com Marco Rubio, sou muito próximo a ele. Quando ele assumir o cargo, vou dizer: ‘Precisamos agir sobre isso’”.
Bolsonaro critica STF após decisão que barrou viagem aos EUA
Na semana passada, Jair Bolsonaro acusou o Supremo Tribunal Federal de “perseguição judicial” por rejeitar seu pedido de viajar aos Estados Unidos para participar da posse de Donald Trump.
Em comunicado, o gabinete de Bolsonaro afirmou que a decisão do STF carecia de qualquer fundamento “legal ou lógico”, alegando que o ex-presidente cumpriu todas as determinações judiciais desde que teve seu passaporte retido, em 8 de fevereiro de 2024. A retenção do documento ocorreu no âmbito das investigações sobre o suposto envolvimento de Bolsonaro em uma tentativa de golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em janeiro de 2023.
A nota oficial negou qualquer intenção de fuga e lembrou que Bolsonaro compareceu à posse do presidente argentino, Javier Milei, em dezembro de 2023, retornando ao Brasil conforme prometido. “É mais um exemplo do uso contínuo do ‘lawfare’ contra Bolsonaro, com a Justiça sendo sistematicamente utilizada para neutralizá-lo como adversário político nos tribunais, evitando enfrentá-lo nas urnas”, diz o comunicado.
O gabinete também afirmou que a ausência de Bolsonaro na posse de Trump representou uma “oportunidade perdida” para “fortalecer” os laços bilaterais com os Estados Unidos e afastou o Brasil de um “alinhamento com o mundo livre”.
Decisão do STF e suspeitas sobre Bolsonaro
O ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre o papel de Bolsonaro nos ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, negou o pedido de viagem, argumentando que “a viagem busca atender interesses privados” e que o ex-presidente não ocupa atualmente nenhum cargo oficial.
Poucos dias após a retenção de seu passaporte, Bolsonaro passou dois dias na Embaixada da Hungria, país liderado por Viktor Orbán, um de seus aliados, o que gerou suspeitas na Justiça brasileira.
Bolsonaro é apontado pela Polícia Federal como suspeito de liderar, junto a militares de alta patente, um plano para impedir a posse de Lula, vencedor das eleições de 2022.
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