Milhares de trabalhadores da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, na sigla em inglês) estão enfrentando um futuro incerto devido à decisão da administração do presidente Donald Trump de eliminar 2.000 postos e colocar o restante do pessoal em licença administrativa a nível global.
Segundo informou a Associated Press, a medida, que entrou em vigor neste domingo a partir das 23h59, exclui apenas aqueles funcionários responsáveis por funções críticas, liderança central ou programas especialmente designados.
A decisão foi respaldada por uma decisão judicial emitida na sexta-feira pelo juiz federal Carl Nichols, que rejeitou uma ação judicial apresentada por funcionários da USAID que buscava bloquear temporariamente o plano do governo. Esta decisão permite que a administração avance com a retirada em massa de trabalhadores tanto nos Estados Unidos quanto no exterior.
A redução do pessoal e as licenças administrativas fazem parte de uma medida que já está em curso há um mês contra a USAID, segundo a Associated Press. Durante este período, a agência fechou sua sede em Washington e suspendeu milhares de programas de ajuda e desenvolvimento em todo o mundo.
Essas ações fazem parte de uma tentativa mais ampla da administração Trump de congelar a assistência estrangeira, uma política que o presidente e seu principal assessor em cortes orçamentários, Elon Musk, defenderam como uma medida para eliminar o que consideram um gasto desnecessário que promove uma agenda liberal.
Nos avisos enviados ao pessoal, a USAID expressou seu compromisso de garantir a segurança dos trabalhadores no exterior, que relataram problemas como a perda de acesso às comunicações governamentais. Segundo os documentos obtidos pela Associated Press, a agência assegurou que os funcionários no exterior manterão acesso aos sistemas da organização e a recursos diplomáticos até que possam retornar aos seus países de origem.
Benefícios e medidas de emergência
Os trabalhadores afetados pelas licenças administrativas no exterior poderão optar por viagens de retorno voluntárias financiadas pela agência, além de outros benefícios. No entanto, o juiz Nichols expressou preocupação inicial pela segurança dos funcionários em áreas de alto risco que poderiam ficar sem acesso a comunicações de emergência.
De acordo com a Associated Press, o governo assegurou ao juiz que os trabalhadores nessas condições contarão com rádios bidirecionais para comunicação 24 horas por dia, sete dias por semana, além de um aplicativo móvel que inclui um “botão de pânico” para emergências. Essas garantias levaram o juiz a concluir que o risco para os funcionários no exterior é “muito mais mínimo do que parecia inicialmente”.
Demissões em massa e problemas para contratados
Além das licenças administrativas, centenas de contratados da USAID receberam cartas de demissão durante o fim de semana, segundo cópias revisadas pela Associated Press. Essas notificações, que não incluem os nomes nem os cargos dos destinatários, poderiam complicar o acesso dos trabalhadores demitidos a benefícios de desemprego, segundo alguns funcionários.
A natureza generalizada dessas cartas gerou incerteza entre os contratados, que enfrentam dificuldades para demonstrar sua elegibilidade para receber apoio econômico após a perda de seus empregos.
Por sua vez, um juiz diferente que supervisiona uma segunda ação judicial relacionada ao desmantelamento da USAID bloqueou temporariamente o congelamento da assistência estrangeira. Este juiz determinou na semana passada que a administração Trump continuou retendo fundos, apesar de uma ordem judicial anterior que exigia restaurar temporariamente o financiamento de programas de ajuda em todo o mundo.
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