A União Europeia (UE) anunciou nesta quarta-feira que adotará contramedidas “rápidas e proporcionais” em resposta à entrada em vigor dos novos impostos sobre o aço e alumínio europeu, impostos pelos Estados Unidos, e os classificou como “injustificados”.
“A Comissão lamenta a decisão dos EUA de impor tais tarifas, por considerá-las injustificadas, perturbadoras ao comércio transatlântico e prejudiciais para as empresas e consumidores, já que frequentemente se traduzem em aumento de preços”, afirmou a Comissão Europeia em comunicado.
As medidas de represália visam mitigar o impacto das tarifas e defender os interesses comerciais europeus em meio à tensão comercial entre os dois blocos.
Embora Bruxelas ainda não tenha detalhado as ações concretas, no passado, a UE aplicou tarifas recíprocas e recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar restrições comerciais semelhantes.
A medida tarifária, impulsionada pelo presidente Donald Trump, afeta não apenas a UE, mas também Canadá, México, Brasil e China, principais exportadores de aço e alumínio para os Estados Unidos.
A decisão gerou preocupações na indústria, pois o aumento dos custos pode afetar setores chave, como o automobilístico, a construção e a produção de bens enlatados.
O economista do Cato Institute, Clark Packard, alertou que as tarifas podem refletir-se rapidamente nos preços, impactando indústrias que dependem dessas matérias-primas importadas.
Segundo o economista-chefe da EY, Gregory Daco, o Canadá fornece 50% do alumínio e 20% do aço importado pelos EUA, tornando sua economia uma das mais afetadas pela nova política comercial.
A UE já enfrentou restrições semelhantes no passado, quando em 2018, Bruxelas impôs tarifas de represália a produtos dos EUA, como motocicletas, uísque e produtos agrícolas, em resposta a medidas protecionistas anteriores de Washington. Espera-se que a Comissão Europeia adote estratégias semelhantes se não houver uma solução diplomática.
Impacto nos mercados e reação internacional
Na terça-feira, os principais índices de Wall Street registraram sua segunda queda consecutiva, com temores de que a escalada comercial afete a economia dos Estados Unidos. No entanto, Trump minimizou as preocupações e afirmou que não prevê uma recessão.
Alguns fabricantes americanos apoiaram as tarifas, argumentando que elas reduzem a competição estrangeira e fortalecem a indústria nacional. No entanto, outros setores alertam que o aumento dos custos na importação de matérias-primas encarecerá os produtos nacionais e afetará os consumidores.
As tarifas aprovadas incluem restrições mais amplas do que as impostas em 2018, abrangendo não apenas matérias-primas, mas também produtos acabados, o que pode impactar diversos setores da economia.
Apesar das recentes visitas a Washington de representantes da Austrália e Japão, a Casa Branca decidiu não conceder isenções a esses países. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, classificou as tarifas como “totalmente injustificadas”, mas descartou tomar represálias comerciais.
Com as novas tarifas já em vigor, Trump antecipou que no dia 2 de abril anunciará novas medidas comerciais, o que pode expandir a disputa para outros setores e países, incluindo a União Europeia. (Com informações da AFP)
UE promete contramedidas contra tarifas dos EUA sobre Aço e Alumínio
