O brasileiro-palestino Walid Khaled Abdullah Ahmed, de 17 anos, morreu no domingo (23) na prisão de Megiddo, em Israel. A informação foi confirmada pela Comissão de Assuntos de Prisioneiros e Detentos Palestinos, órgão ligado à Autoridade Palestina. As circunstâncias da morte ainda não foram esclarecidas, mas há suspeitas de negligência médica.
Walid foi preso na Cisjordânia, onde vivia, na madrugada de 30 de setembro do ano passado, sob a acusação de agredir soldados israelenses. Inicialmente, foi levado ao centro de integração de Huwwara antes de ser transferido para a prisão de Megiddo, no norte de Israel. Durante o tempo em que esteve detido, teve comunicação limitada com a família e o advogado. No momento da morte, ainda aguardava julgamento em prisão preventiva.
A Autoridade Palestina informou que as autoridades israelenses notificaram sobre a morte do jovem, mas não forneceram explicações sobre a causa do óbito. Segundo o Gabinete de Ligação Palestino, Walid sofria de sarna e disenteria amebiana. Até o momento, as autoridades israelenses não liberaram o corpo para a família.
A Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) afirmou que a prisão de Megiddo é conhecida pelo uso de tortura, incluindo choques elétricos, espancamentos, privação de comida e o uso de cães para intimidação. De acordo com o jornal israelense Haaretz, há relatos de prisioneiros sendo despidos, amarrados por dias e privados de comida e cobertores, com vários detentos hospitalizados devido a abusos.
Walid era o primeiro menor de idade a integrar a lista de 63 prisioneiros palestinos mortos em cárceres israelenses, segundo dados da Defesa das Crianças Internacional — Palestina. O jovem era filho de um brasileiro e morava em Silwad, na região de Ramallah.
Desde o início da guerra em Gaza, o governo brasileiro realizou várias operações de repatriação. Segundo o Itamaraty, 1.560 brasileiros e familiares próximos já foram retirados da região, incluindo Israel, Gaza e Cisjordânia. O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre a morte de Walid.
