O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu nesta segunda-feira (14) o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, na Casa Branca, em um encontro marcado pela aproximação entre os dois governos no combate à imigração ilegal e ao crime organizado. A reunião ocorreu após El Salvador se tornar peça-chave na operação de deportações em massa conduzida pelos EUA.
Durante o encontro no Salão Oval, Trump agradeceu a Bukele por aceitar a expulsão de migrantes acusados de terrorismo e por permitir que uma prisão de segurança máxima salvadorenha — o Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) — abrigue esses detidos. “Vocês estão nos ajudando a resolver o problema das fronteiras abertas que herdamos. Agradeço imensamente”, afirmou o republicano.
Bukele, por sua vez, reforçou que seu país não pretende devolver aos EUA o migrante Kilmar Ábrego García, enviado ao Cecot e identificado pelas autoridades americanas como suposto membro da gangue MS-13. “Como vou mandar um terrorista de volta para os Estados Unidos?”, disse o presidente salvadorenho. Ele ressaltou que seu governo não liberta pessoas consideradas perigosas. “Acabamos de nos tornar o país mais seguro do continente. Liberar criminosos nos faria retroceder ao título de capital mundial dos homicídios.”
Ábrego foi um dos 261 migrantes deportados em março sob a justificativa da Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, que permite a remoção acelerada de estrangeiros considerados ameaça. Do total, 238 eram venezuelanos e 23 salvadorenhos. Apesar de não possuir antecedentes criminais nos EUA, o migrante teria sido identificado como parte de organizações criminosas transnacionais.
Presente à reunião, a ex-procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, afirmou que a responsabilidade de cumprir ou não uma decisão judicial de retorno cabe a El Salvador. Bukele, no entanto, descartou qualquer possibilidade de envio. “Não temos como devolvê-lo, nem queremos”, insistiu.
O acordo entre os dois países inclui um apoio financeiro de US$ 6 milhões por parte dos EUA, em troca da permissão de uso do Cecot, que pode abrigar até 40 mil presos. A megacárcere foi inaugurada em 2023 e se tornou símbolo da política de segurança de Bukele, marcada por prisões em massa de supostos membros de gangues — ação duramente criticada por organizações de direitos humanos devido às denúncias de más condições e ausência de garantias legais.
Ainda assim, Trump elogiou a estratégia como um exemplo de “tolerância zero” contra o crime. “Vamos continuar tomando medidas decisivas para expulsar quem represente ameaça à segurança nacional, independentemente de status migratório”, declarou.
A relação entre Trump e Bukele começou ainda durante o primeiro mandato do republicano e foi marcada por cooperação. Durante esse período, houve queda no número de salvadorenhos tentando entrar nos EUA. Já sob o governo Biden, a relação azedou após críticas americanas a decisões consideradas autoritárias por parte de Bukele.
Coincidentemente, antes da visita, o Departamento de Estado dos EUA elevou o nível de segurança de viagem para El Salvador ao mais alto — “nível 1” —, indicando que o país se tornou um dos mais seguros do continente. O relatório cita a redução da atividade de gangues e da violência nos últimos três anos.
Vídeo: Trump recebe Bukele e elogia megacadeia para ‘terroristas’
