O rapper e empresário Sean “Diddy” Combs está sendo julgado por tráfico sexual e crime organizado em um tribunal federal de Manhattan, onde promotores o acusam de liderar uma rede de exploração sexual envolvendo mulheres submetidas a atos degradantes e abusos físicos. O julgamento começou nesta segunda-feira (12), e a promotora Emily Johnson apresentou depoimentos impactantes descrevendo o suposto comportamento abusivo de Combs.
Entre as testemunhas chave está Cassandra Ventura, artisticamente conhecida como Cassie, ex-parceira de Combs e estrela de rhythm and blues. Segundo Johnson, Cassie relatará um incidente em que um garoto de programa foi obrigado por Combs a urinar em sua boca durante uma das chamadas “Freak Offs”, festas sexuais organizadas pelo acusado. “Cassie contará que sentiu que estava se afogando quando Combs fez o acompanhante urinar em sua boca”, afirmou a promotora.
Em outro incidente descrito pela promotoria, Combs supostamente tentou localizar e assassinar um homem com quem Cassie estava saindo após a separação. Ao não encontrar o homem, Combs teria direcionado sua raiva contra a cantora, agredindo-a violentamente. “Ele disse que se ela o desafiasse novamente, tornaria públicos os vídeos de seus encontros sexuais forçados”, assinalou Johnson.
Segundo a acusação, esses episódios fazem parte de um padrão de abuso que se estendeu por duas décadas e envolveu não apenas Cassie, mas outras mulheres, incluindo uma vítima identificada como “Jane”, que foram forçadas a participar de atos sexuais sob ameaças e violência. O caso também envolve membros do círculo íntimo de Combs, acusados de ajudar a encobrir seus crimes.
Cassie, que conheceu Combs em 2006, quando tinha 19 anos e ele 36, também testemunhará sobre supostas agressões que sofreu nas mãos do rapper ao longo de seu relacionamento. Combs, de 55 anos, negou todas as acusações e se declarou inocente.
Os promotores descreveram as “Freak Offs” como orgias de vários dias, onde mulheres eram obrigadas a consumir drogas e participar de atos sexuais, frequentemente gravados por Combs. Segundo a acusação, o artista utilizava esses vídeos para chantagear as vítimas e impedi-las de denunciar os abusos.
“Vocês ouvirão depoimentos de mulheres que descrevem alguns dos momentos mais dolorosos de suas vidas”, afirmou Johnson. “Os dias que passaram em quartos de hotel, sob o efeito de drogas, vestidas com fantasias para cumprir as fantasias sexuais do acusado.”
A promotoria alega que, quando as mulheres resistiam, Combs reagia com violência. Em um dos incidentes mais graves, ocorrido em 2016, o rapper foi flagrado por câmeras de segurança de um hotel em Los Angeles chutando e arrastando uma mulher que tentava fugir de uma dessas festas. A CNN transmitiu esse vídeo em 2024, provocando um pedido público de desculpas por parte de Combs.
Em sua declaração inicial, a advogada de defesa Teny Geragos afirmou que o caso é uma distorção dos relacionamentos românticos de Combs, apresentados agora como crime organizado e tráfico sexual. “Sean Combs é um homem complicado, mas este não é um caso complicado. Trata-se de escolhas voluntárias feitas por adultos capazes em relacionamentos consensuais”, declarou Geragos.
A defesa planeja questionar a credibilidade das mulheres que testemunham contra Combs, sugerindo que estão motivadas por dinheiro. Segundo Marc Agnifilo, advogado principal de Combs, muitas das supostas vítimas apresentaram ações civis buscando compensação econômica, incluindo uma ação de Cassie que foi resolvida fora dos tribunais por um valor não revelado.
“Perguntem-se por que elas estão fazendo essas acusações agora. Qual é o motivo delas? Para muitas delas, a resposta é simples: dinheiro”, afirmou Geragos.
O julgamento deve se estender por aproximadamente dois meses, com depoimentos de pelo menos três mulheres e possivelmente quatro que alegam ter sido abusadas por Combs, bem como de antigos funcionários que, segundo os promotores, ajudaram a organizar e encobrir as atividades do rapper.
Se for considerado culpado das cinco acusações de conspiração de crime organizado, tráfico sexual e transporte para participar de prostituição, Combs enfrenta uma pena mínima de 15 anos de prisão, que pode se estender à prisão perpétua.
Combs compareceu ao tribunal acompanhado de sua mãe, Janice Combs, e seis de seus filhos, mostrando-se sorridente e cumprimentando sua família antes do início do julgamento. Ao sair do tribunal para o recesso do almoço, levantou o punho e sorriu para seus filhos, um dos quais lhe fez um símbolo de coração com as mãos.
Julgamento de Diddy: Promotoria Revela Detalhes Chocantes sobre ‘Freak Offs’
