Em uma tentativa de regular o crescente volume de pequenos pacotes que entram no continente, a Comissão Europeia apresentou uma proposta que estabelece uma tarifa fixa de 2 euros por unidade, especialmente direcionada a remessas de plataformas como Temu e Shein. A iniciativa foi anunciada pelo comissário de Comércio, Maroš Šefčovič, durante apresentação ao Parlamento Europeu.
Segundo o comissário, a medida visa enfrentar os desafios logísticos e regulatórios causados pelos cerca de 4,6 bilhões de itens enviados diretamente a consumidores dentro da União Europeia a cada ano. De acordo com o rascunho da proposta obtido pelo Financial Times, os pacotes entregues diretamente nas residências terão a tarifa integral de 2 euros, enquanto aqueles destinados a centros de distribuição pagarão uma taxa reduzida de 0,50 euros.
A cobrança pretende financiar controles aduaneiros mais rigorosos e fortalecer o orçamento comunitário. Autoridades em Bruxelas alertam que o atual volume de importações facilitou a entrada de produtos não conformes ou potencialmente perigosos, além de agravar as reclamações de varejistas europeus que denunciam competição desleal.
Esse projeto marca um novo capítulo na tentativa da UE de equilibrar a proteção do mercado interno com a abertura comercial global, em um cenário dominado pelo crescimento de plataformas de comércio eletrônico asiáticas.
Negociações comerciais entre UE e EUA avançam após impasse
Paralelamente, União Europeia e Estados Unidos retomaram na semana passada negociações comerciais significativas, quebrando um impasse que deixava o bloco europeu em desvantagem frente à equipe do presidente Joe Biden. Segundo o Financial Times, as partes trocaram documentos oficiais pela primeira vez, discutindo desde tarifas até comércio digital e oportunidades de investimento.
Sabine Weyand, principal negociadora comercial da Comissão Europeia, alertou aos embaixadores dos países membros que o bloco deve agir com cautela e resistir à pressão dos EUA por “vitórias rápidas”. Ela destacou que alguns dos atuais impostos norte-americanos devem permanecer, principalmente em setores que os EUA desejam realocar, como aço e indústria automotiva.
Até o momento, a UE, acusada anteriormente por Donald Trump de “se aproveitar” dos EUA, não avançou tanto nas negociações quanto outros parceiros comerciais, como Japão, Coreia do Sul, Vietnã e Reino Unido. Jamieson Greer, representante comercial do governo Trump, pressionou pela aceleração do processo, alertando que a UE pode enfrentar o retorno total das tarifas impostas em abril, caso não haja avanços concretos.
Atualmente, a tarifa europeia de 20% foi reduzida pela metade até 8 de julho para facilitar as negociações. Contudo, os Estados Unidos mantêm tarifas adicionais de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, e ameaçam ampliar as cobranças a produtos farmacêuticos, semicondutores, cobre, madeira, minerais estratégicos e peças aeroespaciais.
Maroš Šefčovič expressou o desejo da UE de diminuir o déficit comercial com os EUA por meio do aumento da compra de gás, armas e produtos agrícolas americanos. Por sua vez, Washington continua preocupada com o imposto sobre valor agregado europeu, regulamentos sobre serviços digitais, padrões alimentares e tarifas sobre certos produtos norte-americanos.
UE anuncia tarifa de 2 euros para pacotes de plataformas como Temu e Shein
