Governo Lula paga 600% mais caro por galões de água para a COP30

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou a compra de galões de água para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) com valores até 611% superiores aos praticados em outras compras públicas. O prejuízo estimado pode chegar a R$ 896 mil.

O contrato firmado para abastecimento de água no evento previsto para novembro, que será realizado em Belém (PA), alcança R$ 1 milhão, e prevê o fornecimento de 51 mil galões de 20 litros durante as duas semanas da conferência. Desse total, 14,2 mil unidades serão destinadas à Zona Verde, enquanto o restante irá para a Zona Azul — espaços oficiais da COP30.

Segundo levantamento do portal Metrópoles, o preço pago pelo Governo Federal para a COP30 é até sete vezes maior que o praticado em contratos semelhantes. Um exemplo recente é o contrato do Senado Federal, que adquiriu 60 mil galões por R$ 4,25 a unidade, totalizando R$ 255 mil — para um volume até superior ao da COP30.


O Painel de Preços do Governo Federal também aponta discrepâncias: outros 11 contratos recentes registraram valores entre R$ 3,30 e R$ 10,10 por galão.

A Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Casa Civil, informou que os valores estão sob análise e justificou os preços com base na “realidade local” de Belém. A organização do evento está a cargo da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura (OIE), por meio de convênio firmado sem licitação. O acordo prevê o repasse de R$ 480 milhões, dos quais 5% ficam com a entidade como taxa de administração.

O orçamento inicial apresentado pela OIE já indicava valores elevados: o custo estimado era de R$ 2,23 milhões apenas para a compra dos galões, com preços cotados a R$ 60,44 para a Zona Verde e R$ 36,54 para a Zona Azul. Após negociações, os valores foram reduzidos para R$ 30,22 e R$ 18,27, respectivamente — ainda assim, bem acima do mercado.

O edital da COP30 estipula o fornecimento diário de 2,5 mil galões para a Zona Azul e 950 para a Zona Verde, o que totaliza os 51 mil galões ao longo dos 15 dias de evento.

Este não é o único item com indícios de superfaturamento. Uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou que garrafas de água de 500 ml também foram alvo de críticas: cada unidade foi inicialmente cotada a R$ 17,50.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

x