As testemunhas de defesa do tenente-coronel Mauro César Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), foram ouvidas nesta quinta-feira (22) em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF). Militares questionados pelos advogados de Cid afirmaram que o oficial tinha respeito à hierarquia, não se envolvia com política e nunca iniciou conversas sobre planos golpistas.
Sete testemunhas foram ouvidas, incluindo generais, coronéis, um sargento e um capitão do Exército. Uma testemunha não compareceu e foi dispensada pela defesa. O general Júlio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército que ocupou o cargo entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, esteve entre os que elogiaram a postura de Cid.
“Conheço bem o tenente-coronel Cid. Conheço a família e trajetória militar dele. Comigo sempre foi muito respeitoso. Admiro a qualidade militar dele, tanto da parte operacional quanto intelectual. Ele sempre se saiu muito bem”, respondeu Arruda ao ser questionado sobre o respeito de Cid à hierarquia.
Os advogados de Cid também perguntaram às testemunhas se o tenente-coronel manteve diálogos ou apresentou propostas de golpe. Todos os ouvidos negaram qualquer envolvimento.
“No período de janeiro de 2019 a julho de 2020, eu fui chefe de gabinete do ministro da defesa, Fernando Azevedo e Silva. Nesta época tivemos bastante contato. Em nenhum momento foi falada qualquer coisa de golpe ou atentar contra a democracia. Depois, tinha esporadicamente um contato de amizade, mas nada veio até mim. Até porque, se tivesse, eu iria alertá-lo”, declarou o general Edson Ripoli, ex-chefe de gabinete do ex-ministro da Defesa.
Áudios e Abatimento de Cid
Uma das testemunhas, o capitão do Exército Raphael Maciel Monteiro, foi questionado sobre os áudios enviados por Cid em que relata ter sido pressionado a falar “coisas que não aconteceram” em depoimentos à Polícia Federal (PF). O militar, que se identificou como amigo de Cid, afirmou que o ex-ajudante de ordens ficou abalado quando “a conduta da defesa dele acabou implicando demais militares.”
“Coronel Cid manteve um bom ânimo dentro da PE [Polícia do Exército], não se abalou. Acho que o abalo dele começou a partir do momento que a conduta, da defesa dele mesmo, acabou implicando demais militares. Isso provou um certo afastamento, eu arrisco dizer até mesmo institucional. Coronel Cid falou aquelas coisas, mas ele tinha essa necessidade de manter-se fiel ao dever ético militar, que é amar a verdade, e, por outro lado, não ser justamente o elemento que acaba entregando pessoas, eventualmente subordinados. Penso eu que ele tinha intenção de falar coisas muito irrefletidas e numa defesa irracional de sua honra”, opinou Monteiro.
O general Edson Dieh Ripoli reforçou que o coronel “cumpria rigorosamente as missões” que lhe eram atribuídas e que sua conduta, à época, não demonstrava politização. “Não era um militar politizado, envolvido com política. Todas as missões que atribuí a ele foram cumpridas com excelência”, declarou.