O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, afirmou, nesta sexta-feira (23), que a força armada nunca planejou colocar tanques nas ruas para impedir o exercício dos poderes constitucionais.
Olsen prestou depoimento como testemunha na ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado ocorrida durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O comandante foi indicado como testemunha de Almir Garnier, ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro e um dos réus do núcleo 1 da suposta trama golpista.
Segundo a investigação, Garnier teria colocado a força à disposição de Bolsonaro no caso da decretação de um estado de sítio ou de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no final de 2022.
Ao ser perguntado pela defesa de Garnier se a Marinha mobilizou tropas para aderir a uma tentativa de golpe, o comandante negou qualquer planejamento para implementação da medida. Em 2022, Olsen chefiava o Comando de Operações Navais, departamento responsável pelo emprego de tropas navais.
– Em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para impedir os poderes constitucionais – afirmou.
Olsen também confirmou que não recebeu ordens de Garnier para empregar tropas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O atual comandante assumiu o cargo no governo Lula, mas Garnier não compareceu à cerimônia de passagem de comando.
– Não recebi qualquer determinação nesse sentido – completou.
DEPOIMENTOS
Entre os dias 19 de maio e 2 de junho, serão ouvidas testemunhas indicadas pela acusação e as defesas dos acusados.
Após os depoimentos das testemunhas, Bolsonaro e os demais réus serão convocados para o interrogatório. A data ainda não foi definida.
NÚCLEO 1
Os oito réus compõem o chamado núcleo crucial do suposto golpe, o núcleo 1, e tiveram a denúncia aceita por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 26 de março. São eles:
– Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
– Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022;
– General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
– Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
– Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
– Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
– Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
– Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.