Irã ameaça EUA após ataques a instalações nucleares

O Irã advertiu os Estados Unidos nesta segunda-feira (23) sobre uma possível resposta militar após os bombardeios direcionados contra suas instalações nucleares. O porta-voz das Forças Armadas iranianas, tenente-coronel Ebrahim Zolfaghari, declarou que os ataques americanos marcaram o início de um conflito aberto com a República Islâmica e afirmou que será Teerã quem “o terminará”. As declarações ocorrem após o ataque americano contra os complexos nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, no contexto da crescente confrontação entre Irã e Israel.


“Este ato hostil ampliará o alcance dos objetivos legítimos das forças armadas da República Islâmica do Irã e abrirá a via para a extensão da guerra na região”, afirmou Zolfaghari em mensagem divulgada pela televisão estatal. Ele também assegurou que “os combatentes do islã infligirão consequências sérias e imprevisíveis com operações poderosas”. Em outra mensagem dirigida diretamente ao presidente americano, Donald Trump, o porta-voz militar o acusou de ter iniciado uma guerra direta contra o Irã: “Senhor Trump, o apostador. Você começou esta guerra, mas nós a acabaremos”.

O Comando Unificado de Operações Khatam al-Anbiya, ao qual Zolfaghari pertence, classificou o bombardeio americano como uma “violação do solo sagrado do Irã” e uma agressão à soberania nacional. Embora não tenham sido especificados detalhes sobre uma resposta militar concreta, as autoridades advertiram que esta será proporcional e terá “consequências graves, lamentáveis e imprevisíveis”.

Os ataques do domingo marcaram a primeira intervenção direta dos Estados Unidos no atual conflito entre Irã e Israel, que começou em 13 de junho. Desde então, ambos os países têm trocado ataques diários com mísseis e drones. Segundo dados oficiais, 430 pessoas morreram e cerca de 3.500 ficaram feridas no Irã, em sua maioria civis. Em Israel, o número de falecidos chega a 24.

Chefe da Diplomacia Iraniana se Reúne com Putin em Moscou

Enquanto isso, o chefe da diplomacia iraniana, Abás Araqchi, chegou nesta segunda-feira a Moscou para manter conversações com o presidente russo Vladimir Putin. “Nesta nova situação perigosa, nossas consultas com a Rússia certamente podem ser de grande importância”, declarou Araqchi da capital russa, segundo a mídia iraniana e agências de notícias locais. De acordo com a agência oficial IRNA, as reuniões abordarão “a situação regional e internacional após a agressão militar dos Estados Unidos e do regime sionista contra o Irã”.


O Ministério das Relações Exteriores em Moscou classificou os ataques como “irresponsáveis” e denunciou que representam uma ameaça direta contra um de seus principais aliados no Oriente Médio. O Kremlin lembrou que, desde o início dos ataques israelenses, Putin se ofereceu como mediador para evitar uma escalada. “Estamos prontos para desempenhar um papel de mediador com o fim de evitar uma nova escalada de tensões”, disse o presidente russo em 13 de junho, embora sua proposta tenha sido recebida com ceticismo pela União Europeia, que considerou que a Rússia não pode atuar como parte neutra.

Apesar de manter historicamente relações com Israel, os vínculos entre Moscou e Tel Aviv se deterioraram desde o início da guerra em Gaza e, especialmente, após a invasão russa da Ucrânia. Em paralelo, a Rússia tem aprofundado sua cooperação com o Irã. Em janeiro, ambos os países assinaram um tratado de associação estratégica focado na área militar, embora sem incluir compromissos de defesa mútua.

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