A disputa interna do Partido dos Trabalhadores (PT) foi paralisada em todo o país após o adiamento das votações em Minas Gerais, determinado pela direção nacional da sigla na noite de sábado (5). A decisão ocorreu após uma liminar da Justiça que garantiu a participação da deputada federal Dandara Tonantzin (PT-MG) na eleição para o diretório estadual, contrariando uma resolução anterior do partido.
Com a determinação judicial, a legenda alegou “impossibilidade logística” de incluir o nome de Dandara nas cédulas que já haviam sido distribuídas às cidades mineiras. Como consequência, o processo de eleição direta do partido (PED) foi suspenso em Minas nos níveis municipal, estadual e nacional, travando a contagem nacional dos votos.
A direção do PT ainda não definiu uma nova data para a votação em Minas Gerais, que representa o segundo maior colégio eleitoral do partido. Com isso, o prazo para envio dos resultados ao sistema nacional, que se encerraria nesta segunda-feira (7), também foi suspenso.
A judicialização do processo causou desconforto na cúpula do PT. Em entrevista concedida neste domingo (6), o presidente interino da sigla, senador Humberto Costa, afirmou que a decisão da deputada de recorrer à Justiça foi um “equívoco” e defendeu a autonomia interna da legenda.
“Eu, pessoalmente, sou da opinião de que o partido tem sua autonomia. As decisões são todas tomadas por maioria. Nesse caso, foi por uma maioria muito significativa do Diretório Nacional, e eu acho que foi um equívoco essa judicialização”, declarou Costa.
A candidatura de Dandara havia sido barrada pela direção por suposta inadimplência com as contribuições partidárias. No entanto, a Justiça determinou que o partido garantisse sua participação em condições de igualdade com os demais concorrentes.
Para conter repercussões, a executiva nacional decidiu proibir manifestações públicas do diretório estadual mineiro sobre o caso, reforçando que apenas a instância nacional pode se pronunciar e conduzir o processo eleitoral interno.
A direção nacional do PT convocou uma reunião extraordinária para esta segunda-feira (8), às 17h, com o objetivo de discutir o caso de Minas e outros episódios semelhantes de judicialização envolvendo filiados.
Segundo Humberto Costa, o partido já entrou com uma contestação judicial e aguardará a decisão definitiva antes de tomar novos encaminhamentos. “Vamos discutir o que fazer depois que essa questão for definitivamente decidida. E, finalmente, vamos marcar uma nova data para o encontro de Minas Gerais”, afirmou.
Favorito à presidência nacional do PT, o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é apontado como o principal nome para suceder a atual direção. Considerado um moderado dentro da sigla, ele deverá assumir, além da missão de ampliar alianças com foco nas eleições de 2026, o desafio de pacificar disputas internas como a vivida em Minas Gerais.