Veja o que disse o Kremlin sobre a morte do ex-ministro russo após sua demissão

O Kremlin declarou-se chocado com a morte do ex-ministro russo do Transporte, Roman Starovoit, de 53 anos, cujo corpo foi encontrado morto nos arredores de Moscou nesta terça-feira (8), poucas horas depois de ter sido demitido pelo presidente Vladimir Putin. Starovoit apresentava uma ferida de bala na cabeça e foi achado dentro de seu carro no distrito de Odintsovo. A principal hipótese levantada pela porta-voz do Comitê de Investigação da Federação Russa, Svetlana Petrenko, é o suicídio, embora as autoridades mantenham a investigação em aberto.


O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, informou à imprensa que Putin foi notificado do ocorrido e descreveu a notícia como “trágica e triste”. Peskov recusou-se a especular sobre as causas, afirmando que “há uma investigação em curso. E é ela que responderá a todas as perguntas”.

A destituição de Starovoit foi anunciada na manhã de segunda-feira (7) por meio de um decreto presidencial que não detalhava os motivos da decisão. Peskov esclareceu que o documento oficial não mencionava “perda de confiança”, uma fórmula usualmente empregada em demissões por motivos disciplinares. Starovoit havia assumido a chefia do Ministério do Transporte em maio de 2024, após liderar a administração regional de Kursk desde 2019.

O mandato de Starovoit como ministro coincidiu com uma forte deterioração da segurança das infraestruturas russas em decorrência da guerra na Ucrânia. No último fim de semana, a agência aérea estatal Rosaviatsia relatou cerca de 500 cancelamentos e 2.000 adiamentos de voos, a maioria atribuída a ataques de drones ucranianos contra aeroportos, especialmente em Moscou e São Petersburgo. Os incidentes forçaram milhares de passageiros a ficar retidos por mais de 24 horas, e a demanda saturou também os trens entre as duas principais cidades do país.

O substituto provisório de Starovoit será Andrei Nikitin, ex-governador de Nóvgorod e vice-ministro do Transporte, cuja ratificação foi proposta por Putin à Duma Estatal. A transição de Nikitin ocorre em meio à escalada de ataques de drones ucranianos, após 91 aparelhos terem sido abatidos sobre território russo na noite de segunda-feira, incluindo oito direcionados a Moscou, segundo o Ministério da Defesa.


O entorno de Starovoit tem sido implicado em investigações por corrupção relacionadas à gestão de fortificações defensivas na fronteira com a Ucrânia. O sucessor de Starovoit em Kursk, Alexéi Smirnov, foi preso em abril sob acusações de peculato e fraude na construção de linhas defensivas, em um caso de possível desvio de 1 bilhão de rublos (cerca de 11 milhões de dólares).

Alguns analistas políticos e fontes do setor de transporte citadas pela imprensa russa sugerem que o cargo de Starovoit estava por um fio devido à sua possível relação com este escândalo. A agência Reuters, no entanto, não conseguiu confirmar independentemente tais versões. Um total de 19,4 bilhões de rublos (246 milhões de dólares) alocados em 2022 para reforçar a fronteira de Kursk estão sob investigação para determinar se foram empregados corretamente.

Durante seu período na administração de Kursk, Starovoit respaldou publicamente a ofensiva militar na Ucrânia, foi sancionado pelos Estados Unidos, União Europeia e Ucrânia, e atuou como um funcionário próximo ao Kremlin e ao partido governista Rússia Unida. A região de Kursk sofreu durante seu mandato uma incursão ucraniana cujos efeitos persistiram até abril passado

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