A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (9/7), por 20 votos a oito, a convocação do ministro Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, para uma sessão de questionamentos. O colegiado quer esclarecimentos sobre a posição do governo em relação a condenação da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner por corrupção.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou Kirchner na semana passada. Ela cumpre prisão domiciliar em sua residência. Ainda não existe data definida para Vieira comparecer na comissão. Como é uma convocação, o chanceler brasileiro tem a obrigação de ir ao colegiado prestar as explicações.
Na justificativa do requerimento, membros do Novo afirmaram que, ao visitar a ex-presidente da Argentina e não se reunir com o atual presidente do país, Javier Milei, Lula adotou um “gesto ideológico e revanchista”. O texto cita ainda que Lula manifestou apoio explícito à ex-mandatária, pedindo para ela “manter sua luta por justiça” e afirmando “saber o que é ser vítima de perseguição judicial”.
“Configura não apenas uma ingerência indevida em assuntos internos de outro país soberano, mas também um desrespeito ao sistema judiciário argentino e às boas práticas diplomáticas”, diz um trecho do requerimento.
O documento cita ainda que Mauro Vieira acompanhou Lula na visita ao ativista Adolfo Pérez Esquivel, “com quem posaram para fotografias segurando cartazes com os dizeres “Cristina libre” e “Lula livre””.
“Ao participar desse ato político, o chanceler Mauro Vieira comprometeu a neutralidade e a credibilidade internacional da política externa brasileira, vinculando a atuação do Itamaraty a uma narrativa que relativiza o combate à corrupção e deslegitima sentenças proferidas por cortes soberanas”, argumentam os parlamentares em outro trecho.