O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (14), ao lado do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, um novo e amplo acordo de apoio militar à Ucrânia. Segundo Rutte, o pacto prevê o envio de “quantidades realmente massivas de equipamento militar”, incluindo sistemas de defesa aérea, mísseis e munições. “Significa que a Ucrânia obterá quantidades realmente massivas de equipamento militar, tanto para a defesa aérea quanto mísseis e munições”, declarou o secretário a jornalistas na Casa Branca.
Trump reforçou que os Estados Unidos fornecerão o armamento — incluindo sistemas antiaéreos Patriot —, enquanto os países europeus serão responsáveis pelo financiamento, estimado em “bilhões de dólares”. “Vamos fabricar armas de primeira linha nos Estados Unidos e enviá-las diretamente à OTAN para que cheguem rapidamente à Ucrânia. Nunca antes havíamos feito algo assim nessa escala”, afirmou o presidente.
Tarifa de 100% se não houver acordo de paz
O anúncio ocorre em meio à crescente frustração de Trump com a falta de avanços nas negociações para encerrar a guerra na Ucrânia. Durante o encontro, ele lançou um ultimato ao presidente russo, Vladimir Putin: se não houver um acordo de paz nos próximos 50 dias, os EUA imporão tarifas de 100% ou sanções secundárias contra os países que continuam comprando energia da Rússia. “É muito simples. E é assim que será”, afirmou.
As sanções secundárias, segundo o presidente, podem afetar duramente países que ainda dependem de combustíveis fósseis russos, como China, Índia, Brasil e Turquia.
“Putin fala em paz de dia e lança mísseis à noite”
Trump foi enfático ao criticar o comportamento do Kremlin: “Putin lança mísseis à noite enquanto fala de paz durante o dia. Já chega. Não vamos assistir passivamente aos bombardeios semanais sobre Kiev”. Em junho, segundo dados da ONU, a guerra atingiu seu pico recente de violência, com 232 civis mortos e mais de 1.300 feridos — o mês mais letal desde o início da invasão.
Em resposta aos pedidos insistentes de Kiev por mais sistemas de defesa aérea, Trump afirmou: “Estamos dando aos ucranianos o melhor equipamento que existe. Isso fará a diferença”. O objetivo, disse, é garantir que o armamento “chegue ao front de batalha em velocidade recorde”.
De promessas de paz a ameaças econômicas
O novo pacote militar marca uma mudança significativa no tom de Trump sobre o conflito. Durante sua campanha, o republicano chegou a prometer que resolveria a guerra “em 24 horas”, chamando a negociação de “muito simples”. Em agosto de 2024, chegou a afirmar que alcançaria a paz “antes de assumir formalmente”.
Desde que reassumiu o cargo em janeiro, no entanto, Trump tem adotado uma postura mais crítica. Em fevereiro, falou separadamente com Putin e Zelensky e chegou a escrever em sua rede Truth Social: “Vladimir, PARE!”. Já em março, referiu-se a Zelensky como um “ditador sem eleições” e o acusou de “não estar pronto para a paz” durante reunião na Casa Branca, suspendendo um acordo sobre minerais.
Em abril, o envio de armas chegou a ser interrompido pela Casa Branca, o que gerou tensão com o Pentágono. Dias depois, Trump reverteu a decisão e declarou: “Putin está matando gente demais. Não podemos ficar parados”.
Agora, com o novo acordo em curso, Trump estipula uma contagem regressiva de 50 dias para que haja avanço nas negociações. “Vamos impor tarifas de 100% ou sanções secundárias. E é isso”, reiterou.
Diplomacia acelerada
Para coordenar a implementação do acordo e avançar nas negociações diplomáticas, o secretário de Estado Marco Rubio iniciará ainda nesta semana uma série de reuniões com líderes europeus. A próxima rodada de negociações entre Rússia e Ucrânia está prevista para ocorrer em Istambul, onde Moscou poderá apresentar novas propostas para um eventual cessar-fogo.