Em mensagens trocadas com o filho, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) evitasse críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. O diálogo consta no relatório final da Polícia Federal, que indiciou pai e filho por tentativa de obstruir a ação penal relacionada à suposta trama golpista.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/w/Q/dKxlacR7Cjxh3XBH7EMg/captura-de-tela-2025-08-20-203101.jpg)
No dia 27 de junho, Eduardo enviou três arquivos a Bolsonaro, cujo conteúdo não pôde ser recuperado, e perguntou se poderia compartilhá-los. O ex-presidente respondeu: “Não. Esqueça qualquer crítica ao Gilmar”. Sem citar nomes, Bolsonaro acrescentou que “tem conversado com alguns (ministros) do STF” e que “todos ou quase todos demonstram preocupação com as sanções”, em referência ao tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos ao Brasil e à revogação de vistos americanos de autoridades.
“Esqueça qualquer crítica ao Gilmar. Tenho conversado com alguns (ministros) do STF. Todos ou quase todos, demonstram preocupação com sanções”, escreveu Bolsonaro a Eduardo, no momento em que o governo americano já discutia a possibilidade de aplicar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. No mês seguinte, os Estados Unidos sancionaram Moraes com a lei Magnitsky, instrumento usado pelo país para punir estrangeiros.
O relatório final da investigação foi encaminhado ao STF na sexta-feira. Pai e filho foram indiciados pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Em nota, Eduardo Bolsonaro negou que sua atuação nos Estados Unidos tenha tido o “objetivo de interferir em qualquer processo em curso no Brasil”. O deputado classificou como “lamentável e vergonhoso” que a PF trate como crime o vazamento de conversas privadas, “absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados”. Ele acrescentou que o objetivo do indiciamento “não se trata de justiça, mas de provocar o desgaste político” dele e de seus aliados.