No último domingo (7/9) , o jornal norte-americano The New York Times dedicou uma extensa reportagem às manifestações que tomaram as ruas do Brasil no Dia da Independência.
Segundo o NYT, imagens aéreas das manifestações eliminaram qualquer dúvida: o contingente de bolsonaristas superou, com folga, o número de manifestantes de esquerda — demonstrando que, apesar das investigações e acusações que enfrenta, o ex-presidente permanece sendo uma força política de peso no país. A reportagem ressaltou que os apoiadores invadiram avenidas usando as cores da bandeira nacional, numa demonstração visual de identidade e mobilização.
Chamou atenção também a presença de cartazes em inglês e símbolos dos Estados Unidos entre os manifestantes — inclusive o uso da palavra “Magnitsky”, referência à lei estadunidense utilizada para sancionar autoridades estrangeiras que violam direitos humanos. Curiosamente, o relator dos processos que apuram o que foi chamado de “trama golpista”, o ministro Alexandre de Moraes, foi incluído nessa sanção.
A reportagem mencionou ainda que, mesmo estando fora do cargo e inelegível até 2030, Bolsonaro continua mobilizando multidões — os cenários mais emblemáticos foram em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Em todos os locais, os manifestantes criticaram o Supremo Tribunal Federal (STF), denunciaram perseguição política e chegaram até a declarar apoio ao então presidente dos EUA, Donald Trump.
Segundo o texto do NYT, Trump teria tentado na época pressionar o governo Biden a interferir a favor de Bolsonaro, ameaçando com tarifas e sanções — ainda que isso, ao que parece, não tenha surtido efeito.
Clima de festa e confronto
Mesmo marcado por tensão jurídica — com julgamento no STF prestes a acontecer, com risco de pena de até 40 anos — o ato transcorreu num ambiente que mesclava euforia e indignação. Famílias, vendedores ambulantes, aliados políticos e figuras religiosas ocuparam os palcos montados nas principais cidades.
No palanque da Avenida Paulista, em São Paulo, emocionaram os discursos — sobretudo quando Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, foi às lágrimas durante fala do pastor Silas Malafaia.
Mesmo ciente de sua inelegibilidade, muitos manifestantes expressaram esperança de seu retorno à política, alguns chegando a crer que Donald Trump poderia intervir e impedir uma eventual condenação. Um vendedor do Rio, Davidson Roque, resumiu esse sentimento: “Trump está nos ajudando, ele vê o que está acontecendo aqui”.