O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve conversar nesta sexta-feira (19) com o líder chinês Xi Jinping em uma tentativa de finalizar um acordo que permita ao TikTok continuar operando em território americano, segundo confirmaram fontes oficiais.
Trump explicou que o contato também pode abrir caminho para um eventual encontro presencial entre os dois mandatários, com o objetivo de alcançar um acordo comercial mais amplo que encerre a guerra tarifária entre as maiores economias do mundo.
“Estou falando com o presidente Xi, como vocês sabem, na sexta-feira, sobre o TikTok e também sobre comércio. E estamos muito perto de acordos em tudo”, afirmou Trump, na quinta-feira (18), em declarações à imprensa.
Essa será a segunda conversa direta entre os dois líderes desde que Trump voltou à Casa Branca e reativou tarifas contra a China, o que desencadeou uma série de restrições recíprocas. Apesar das tensões, o republicano garantiu manter uma relação “muito boa” com Xi.
A embaixada chinesa em Washington não confirmou a ligação nem um possível encontro bilateral. O porta-voz Liu Pengyu, no entanto, destacou que “a diplomacia entre chefes de Estado cumpre um papel insubstituível para oferecer orientação estratégica às relações entre China e Estados Unidos”.
O futuro do TikTok
O principal tema da conversa será a situação do TikTok, aplicativo de origem chinesa que enfrenta a ameaça de proibição nos Estados Unidos, caso sua controladora, a ByteDance, não venda o comando da plataforma.
O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que, em uma reunião realizada esta semana em Madri, as duas delegações avançaram em um marco de acordo sobre a propriedade da rede social, mas destacou que caberá a Trump e Xi finalizarem a negociação.
Trump, que já prorrogou várias vezes o prazo para a venda da empresa, ressaltou que o aplicativo “tem um valor tremendo e os Estados Unidos detêm esse valor em suas mãos, porque somos nós que devemos aprová-lo”.
Washington insiste que a ByteDance precisa abrir mão do controle direto do TikTok por questões de segurança nacional e proteção de dados. Legisladores americanos alertam que, caso contrário, informações de milhões de usuários poderiam ficar sujeitas à legislação chinesa, que obriga empresas a colaborar com o governo de Pequim.
Nesta semana, autoridades chinesas afirmaram que houve consenso sobre direitos de propriedade intelectual, incluindo o algoritmo que alimenta a plataforma. Além disso, ambos os lados concordaram em delegar a gestão de dados e a segurança dos usuários nos Estados Unidos a um parceiro externo.
Negociações comerciais em paralelo
Além do TikTok, o diálogo também deve abordar outras questões comerciais. Desde maio, Washington e Pequim já realizaram quatro rodadas de negociações, que resultaram na suspensão de tarifas mais altas e em certa flexibilização nos controles de exportação. Ainda assim, seguem divergências sobre agricultura, tecnologia e drogas sintéticas.
Especialistas avaliam que Trump busca mostrar que os EUA têm a iniciativa na mesa de negociação. “Provavelmente tentará projetar que o país está em vantagem”, disse Ali Wyne, assessor do International Crisis Group.
Já Xi, segundo analistas, deve “ressaltar a força da economia chinesa e alertar que o progresso bilateral dependerá da redução de tarifas e sanções”.
A disputa tarifária impactou fortemente os agricultores americanos, que perderam a China como um de seus principais mercados. Entre janeiro e julho, as exportações agrícolas dos EUA ao gigante asiático caíram 53% em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados oficiais.