Coreia do Norte está disposta a dialogar com EUA, diz Kim Jong-un

O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou neste domingo (21) que está disposto a retomar o diálogo com os Estados Unidos, desde que Washington abandone a exigência de desnuclearização como condição prévia. A declaração foi publicada pela agência estatal KCNA e marca o primeiro sinal público de possível reaproximação desde o início do segundo mandato do presidente Donald Trump.


“Se os Estados Unidos abandonarem a absurda obsessão de nos desnuclearizar e aceitarem a realidade, e quiserem uma coexistência pacífica genuína, não há razão para não nos sentarmos com os Estados Unidos”, declarou Kim. A fala reitera a posição oficial do regime, que considera o status nuclear do país como “irreversível”.

No início da semana, a KCNA já havia divulgado comunicado afirmando que o arsenal atômico norte-coreano está consagrado na lei suprema do país e não está sujeito a negociações, nem à pressão de organismos internacionais como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) ou de potências estrangeiras.

Durante discurso na Assembleia Popular Suprema, Kim criticou as sanções impostas por Washington e aliados ocidentais, classificando-as como uma “experiência de aprendizado”. Segundo ele, as restrições ajudaram a fortalecer a resiliência econômica e militar do país, que seguirá investindo no desenvolvimento de mísseis e ogivas nucleares.

No mesmo pronunciamento, o ditador elevou o tom contra a Coreia do Sul, rotulando o governo de Seul como “inimigo principal” de Pyongyang e descartando qualquer possibilidade de retomada do diálogo bilateral. Kim acusou os sul-coreanos de cooperarem com os Estados Unidos em estratégias de pressão e de utilizarem propostas diplomáticas como disfarce para enfraquecer o regime norte-coreano.


Kim também mencionou os encontros que teve com Donald Trump entre 2018 e 2019. Foram três cúpulas durante o primeiro mandato do norte-americano, sem resultado prático quanto ao programa nuclear. “Pessoalmente, eu ainda tenho boas memórias do presidente dos Estados Unidos Trump”, afirmou, em tom conciliador.

Apesar da declaração de abertura ao diálogo, Kim sustentou que o programa nuclear continuará em expansão. Em janeiro, ele já havia anunciado que o desenvolvimento bélico seguiria indefinidamente. Em agosto, voltou a defender a ampliação do arsenal, em quantidade e sofisticação.

As falas de Kim se dão à volta de um grande temor na península coreana, com exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e Estados Unidos, além da imposição de sanções adicionais por parte da União Europeia. O Japão também pressiona por nova resolução da ONU sobre o programa nuclear norte-coreano.

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