França e outros seis países reconhecem o Estado da Palestina

O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta segunda-feira (22) perante a Assembleia Geral da ONU o reconhecimento oficial do Estado da Palestina por parte da França. Em seu discurso, o mandatário fez um apelo pelo fim da guerra na Faixa de Gaza e destacou a importância de avançar na solução de dois Estados como caminho para alcançar a paz entre israelenses e palestinos. Macron ressaltou que o reconhecimento histórico reflete o compromisso da França com a região e se soma a decisões semelhantes adotadas no domingo por Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal.


Também nesta segunda, outros países se somaram ao reconhecimento: Andorra, Austrália, Bélgica, Luxemburgo, Malta e San Marino, em uma ação coordenada que, segundo Macron, busca fortalecer a paz e a segurança no Oriente Médio.

O presidente francês explicou que a França considera o reconhecimento do Estado palestino a única via realista para a paz em Israel, apesar das “reticências e temores” atuais do governo israelense. Ele lembrou que a França tem apoiado a segurança do Estado de Israel, inclusive diante de ameaças como ataques iranianos, e reiterou a condenação aos atos terroristas, citando a “ferida ainda aberta” do ataque de 7 de outubro de 2023. Macron defendeu também a necessidade de isolar politicamente o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) e aqueles que incitam o ódio antissemita.

O chefe de Estado francês afirmou que a abertura de uma embaixada em território palestino dependerá da libertação de reféns e do estabelecimento de um cessar-fogo. Segundo Macron, nada será possível “sem que as autoridades israelenses assumam plenamente a ambição de alcançar finalmente uma solução de dois Estados”. Caso o cessar-fogo seja estabelecido, a França se comprometeu a contribuir em um plano internacional de reconstrução da Autoridade Palestina, bem como na formação e financiamento das suas forças de segurança.

Macron lembrou ainda que, em 1947, a ONU aprovou a divisão do então Mandato Britânico da Palestina em dois Estados, um judeu e outro árabe, garantindo a autodeterminação de ambos os povos. Ele ressaltou que, enquanto a comunidade internacional reconheceu rapidamente o Estado de Israel, a promessa de um Estado árabe palestino ainda não se concretizou.


A intervenção de Macron ocorreu durante a cúpula sobre a solução de dois Estados, organizada conjuntamente por França e Arábia Saudita. Após o discurso, o ministro das Relações Exteriores saudita, Faisal bin Farhan, classificou a iniciativa como uma “oportunidade histórica para alcançar a paz” e denunciou as ações militares israelenses em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém, conclamando outros países a reconhecerem oficialmente o Estado palestino.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, também se manifestou, alertando que a solução de dois Estados é “a única saída do pesadelo” que assola o Oriente Médio desde 2023. Guterres defendeu a criação de um Estado palestino viável como um direito, e não como uma recompensa, se distanciando da posição do governo israelense liderado por Benjamin Netanyahu, que sustenta que tal reconhecimento equivaleria a premiar o terrorismo do Hamas.

O secretário-geral reafirmou que a solução deve contemplar dois Estados com fronteiras anteriores a 1967 e Jerusalém como capital compartilhada. Ele criticou a situação “intolerável” na região e manifestou apoio aos recentes reconhecimentos do Estado palestino por países como França, Reino Unido, Austrália e Canadá. Guterres reiterou sua condenação aos ataques de 7 de outubro de 2023, mas reforçou que os palestinos não devem sofrer punições coletivas ou processos de limpeza étnica, denunciando também a destruição sistemática de Gaza e a fome enfrentada pela população local.

Além disso, Guterres alertou sobre a crescente pressão na Cisjordânia devido à expansão de assentamentos, ameaça de anexação e aumento da violência por colonos radicais israelenses, fatores que considera uma ameaça existencial para o objetivo de alcançar dois Estados. Por fim, expressou decepção pela ausência da Autoridade Palestina nas reuniões chave em Nova York, motivada pela recusa de vistos por parte da administração americana, excluindo representantes como o presidente Mahmud Abbas.

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