União Europeia (UE) declarou nesta terça-feira que aguarda o resultado da investigação sobre a presença de drones que forçou o fechamento dos aeroportos de Copenhague e Oslo por várias horas na noite passada. No entanto, a UE apontou a Rússia como responsável, devido às suas “ações imprudentes” em vários Estados-membros.
“Ainda temos que esperar pelo resultado final [do que aconteceu]. Mas o que temos visto nas últimas semanas aponta para a Rússia no que diz respeito às suas ações imprudentes em pelo menos três Estados-membros”, disse a porta-voz de Relações Exteriores da Comunidade Europeia, Anitta Hipper, durante a coletiva de imprensa diária da Comissão Europeia.
“O que temos visto em relação à Rússia é que ela não apenas tem violado acidentalmente o espaço aéreo dos Estados-membros da UE, mas que se trata de uma violação intencional do espaço aéreo europeu, e aqui vemos um padrão claro”, afirmou.
Hipper expressou a solidariedade da UE com a Dinamarca e também com a Noruega (país que não faz parte da UE), destacando que esses Estados são os responsáveis pelas investigações: “É a sua competência e nós já os parabenizamos por sua rápida ação”, disse.
Ela afirmou que a Rússia “está testando as fronteiras europeias, sondando nossa determinação e minando nossa segurança”, e lembrou que a chefe da diplomacia comunitária, Kaja Kallas, transmitiu uma “mensagem clara” a esse respeito também na segunda-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas, “na presença da Rússia”.
“Devemos mostrar ainda mais determinação para garantir que a Rússia seja dissuadida e que pague por seus atos”, reforçou, e apontou que isso é o que a UE tem feito com sua proposta de mais sanções contra Moscou (já a décima nona desde que a invasão em grande escala da Ucrânia começou) ou ao aumentar seu gasto militar.
Por sua vez, o porta-voz comunitário Thomas Regnier afirmou que essas novas incursões de drones são “outro exemplo de quão importante é” que a UE se equipe com um “muro” contra esses dispositivos, conforme foi proposto.
“Os últimos ataques na Romênia, Polônia, Estônia e agora na Dinamarca afetaram quatro Estados-membros, e é precisamente por isso que vamos trabalhar neste muro antidrones”, salientou.
Segundo ele, o comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, se reunirá com os sete países da UE mais expostos a essas ameaças: Estônia, Letônia, Finlândia, Lituânia, Polônia, Romênia e Bulgária.
“E agora posso adicionar à essa lista também a Dinamarca, é claro, além da Ucrânia”, concluiu.
Os aeroportos de Kastrup (Copenhague) e Gardermoen (Oslo) permaneceram fechados ao tráfego por várias horas na noite passada devido à presença de vários drones em suas proximidades.
A Polícia dinamarquesa apontou como possível autor um ator “capacitado”, alguém “que tem as ferramentas para se mostrar”, enquanto as autoridades norueguesas se recusaram a qualificar o incidente por enquanto.
Os serviços de inteligência dinamarqueses e noruegueses colaboram na investigação, mas nada indica que haja uma conexão entre ambos os fatos.
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Fredriksen, classificou o acontecimento como um “ataque grave” à infraestrutura daquele país nórdico, e não quis excluir “nenhuma opção com relação a quem pode estar por trás”.
“Está claro que se insere na evolução que temos observado nos últimos tempos com outros ataques com drones, violações do espaço aéreo e ataques cibernéticos a aeroportos europeus”, pontuou.
O Kremlin nega sua participação
O Kremlin negou hoje as insinuações feitas pelas autoridades dinamarquesas de que a Rússia poderia estar ligada ao incidente com vários drones que forçou o fechamento dos aeroportos de Copenhague e Oslo por várias horas.
“Fazer periodicamente acusações infundadas leva, francamente, a que as novas declarações não sejam levadas a sério”, afirmou em sua coletiva de imprensa telefônica diária Dmitri Peskov, porta-voz da Presidência russa, ao ser questionado sobre a reação de Copenhague ao incidente.
O representante do Kremlin assinalou que “um país que assume uma posição séria não deve fazer acusações infundadas reiteradas”.