Governo dos EUA é paralisado após Congresso não aprovar orçamento

O governo federal dos Estados Unidos entrou em paralisação parcial à meia-noite desta quarta-feira (1º), após o Senado rejeitar um projeto de lei de financiamento temporário. A proposta ficou a cinco votos de ser aprovada.

Esta é a primeira paralisação desde dezembro de 2018, quando operações consideradas não essenciais foram interrompidas por 35 dias, deixando dezenas de milhares de servidores federais afastados sem pagamento até que o Congresso aprovasse um acordo emergencial.

Logo após a votação fracassada, o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento da Casa Branca, Russ Vought, enviou um memorando aos chefes de departamentos e agências federais instruindo-os a iniciar os preparativos para a suspensão das atividades.

“As agências afetadas devem agora executar seus planos para uma paralisação ordenada”, escreveu Vought.

O projeto havia sido aprovado na Câmara e contava com apoio da maioria dos republicanos no Senado e do presidente Donald Trump. O texto manteria o financiamento atual até 21 de novembro, mas não superou a barreira dos 60 votos exigidos para evitar o filibuster no Senado.

Três parlamentares — os democratas John Fetterman (Pensilvânia) e Catherine Cortez Mastro (Nevada), além do independente Angus King (Maine) — votaram a favor da medida, que precisava de mais cinco votos democratas para ser aprovada.

A liderança democrata se recusou a apoiar o projeto republicano sem a inclusão de dispositivos que prorrogassem subsídios de saúde criados na pandemia e restabelecessem bilhões de dólares cortados pelo governo Trump em programas de ajuda externa.

O líder da maioria no Senado, John Thune (R-SD), afirmou esperar avanços na nova tentativa de votação.

“Conseguimos três votos hoje… Vamos tentar de novo amanhã. Espero que mais democratas razoáveis se juntem a nós para manter o governo aberto”, declarou em entrevista à Fox News.

Já o líder democrata Chuck Schumer (NY) disse que a pressão da opinião pública forçará Trump e os republicanos a cederem:

“O povo americano está entendendo a gravidade da crise de saúde. Eles vão colocar enorme pressão sobre os republicanos para resolver isso”, disse em coletiva.

Segundo o presidente da Câmara, Mike Johnson (R-LA), a suspensão pode afetar programas essenciais:

“Militares não serão pagos, agentes da TSA não serão pagos, programas de assistência alimentar como o WIC sofrerão atrasos. Estamos no auge da temporada de furacões, e a FEMA pode ter serviços interrompidos. Isso é muito sério.”

Apesar da paralisação, benefícios como Previdência Social, Medicare, Medicaid e cupons de alimentação continuam sendo distribuídos. Funcionários considerados essenciais — como controladores de tráfego aéreo, carteiros e forças de segurança — seguem trabalhando, mas sem remuneração até o fim do impasse.

Uma pesquisa do New York Times/Siena mostrou que 65% dos eleitores registrados são contra a paralisação do governo, mesmo que suas demandas políticas não sejam atendidas. Entre os democratas, 43% rejeitam a paralisação em qualquer cenário; entre os independentes, o índice chega a 59%; e entre os republicanos, 92%.

Enquanto o impasse persiste no Congresso, o site oficial da Casa Branca exibiu uma contagem regressiva com a mensagem: “O shutdown democrata é iminente”.


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