O navio Delruba, de bandeira iraniana, atracou no Terminal Portuário de Santa Catarina transportando 60 mil toneladas de ureia. A embarcação chegou nesta quarta-feira (8) e consta na lista de sanções do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), órgão do governo dos Estados Unidos.
Documentos aduaneiros obtidos por investigação jornalística mostram que a carga é proveniente da Pardis Petrochemical, empresa também sancionada pelos EUA. A importação está sendo realizada pela empresa brasileira Link Comercial, que utiliza como intermediária a Eastoil Petrolium Products LLC, sediada nos Emirados Árabes.
O Irã já ocupa a posição de terceiro maior fornecedor de ureia para o Brasil, conforme revelado em setembro. Importadores brasileiros têm adotado estratégias para contornar sanções internacionais na aquisição direta deste insumo do país persa.
A utilização de empresas intermediárias tornou-se prática frequente entre importadores brasileiros para evitar sanções financeiras ao não negociar diretamente com instituições bancárias ou empresas comerciais iranianas. O risco de sofrer sanções secundárias permanece, mesmo em operações que envolvam abastecimento pela Petrobras.
O OFAC indica que entidades governamentais ou privadas que mantenham relações comerciais com a estatal iraniana podem sofrer punições por meio de sanções secundárias. Estas penalidades podem afetar instituições financeiras utilizadas nas transações, compradores da carga em território brasileiro e potencialmente o próprio governo do Brasil.
A Pardis Petrochemical funciona como subsidiária da National Petrochemical Company, ligada ao Ministério do Petróleo iraniano. Os EUA acusam a empresa de financiar a Guarda Revolucionária Iraniana, organização que o governo americano classifica como terrorista.
Israel e Estados Unidos realizaram ataques contra instalações militares e nucleares iranianas em junho deste ano. A operação, que declarou como objetivo interromper o programa nuclear militar do regime liderado pelo aiatolá Ali Khamenei, resultou na eliminação de toda a liderança da Guarda Revolucionária, incluindo Behnam Shahriyar, comandante das forças Quds.
Lula criticou esta ação militar durante sua participação na última Assembleia Geral da ONU, onde fez pronunciamento contra os Estados Unidos e Israel. A delegação do Brasil se retirou do plenário durante o discurso do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Fonte: Cláudio Dantas
