O governo do Estado de São Paulo confirmou, nesta quarta-feira (8), mais duas mortes por intoxicação de metanol, elevando para cinco o total de óbitos registrados em território paulista. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP), há 20 casos confirmados e 181 em investigação. Outras seis mortes — três na capital, duas em São Bernardo do Campo e uma em Cajuru — ainda são analisadas como suspeitas.
Entre as vítimas confirmadas estão três homens, de 45, 46 e 54 anos, todos moradores da capital paulista; uma mulher de 30 anos, de São Bernardo do Campo; e um homem de 23 anos, de Osasco, na Grande São Paulo.
Com o maior número de casos do país, o governo paulista intensificou as ações de fiscalização e combate às bebidas adulteradas. Doze estabelecimentos foram interditados e outros 23 locais foram inspecionados pela Vigilância Sanitária Estadual em operações voltadas à identificação de produtos falsificados e à prevenção de novas intoxicações.
O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância altamente tóxica, volátil e inflamável. De aparência incolor e com odor semelhante ao do álcool etílico, o composto era chamado no passado de “álcool da madeira”, pois era obtido por meio da destilação de toras. Atualmente, sua produção é feita em larga escala, principalmente a partir do gás natural.
O líquido é utilizado como matéria-prima para a fabricação de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas, além de estar presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma de suas principais aplicações industriais é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.
Segundo o Conselho Federal de Química (CFQ), a ingestão de apenas 4 ml a 10 ml de metanol pode causar danos irreversíveis, como cegueira permanente. A dose letal estimada é de cerca de 30 ml de metanol puro.
O perigo, de acordo com o CFQ, está nos efeitos tardios da intoxicação: o organismo converte o metanol em formaldeído e ácido fórmico, substâncias que provocam acidose metabólica, uma grave alteração no equilíbrio do pH sanguíneo.
Entre os sintomas estão respiração acelerada, taquicardia, dor abdominal intensa e comprometimento da visão, que pode evoluir para cegueira irreversível.
A Secretaria de Saúde reforçou o alerta à população para que evite o consumo de bebidas alcoólicas sem procedência comprovada e incentive que suspeitas de irregularidades sejam denunciadas às autoridades sanitárias.