Operação interdita quase 50 postos de combustíveis no PI, MA e TO por suposta ligação com o PCC

A Polícia Civil do Piauí interditou 49 postos de combustíveis nesta quarta-feira (5) durante a Operação Carbono Oculto 86, que apura a infiltração do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis para lavagem de dinheiro e fraudes fiscais. As ações ocorreram nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins, e integram a segunda fase de uma investigação nacional que revelou um esquema bilionário de ocultação de recursos.


De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), as ações no estado foram antecipadas após movimentações suspeitas detectadas pelos setores de inteligência. Todo o material apreendido foi registrado sob a coordenação do delegado Francírio Queiroz, responsável pela parte cartorária da operação.

Os postos interditados estão localizados nas seguintes cidades:

  • Piauí: Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira;
  • Maranhão: Peritoró, Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras;
  • Tocantins: São Miguel do Tocantins.

Instituto de Metrologia do Piauí (IMEPI) também participa da operação, investigando fraudes em bombas de combustíveis. Há denúncias de que consumidores estariam pagando por volumes maiores do que os tanques de seus veículos comportam, o que indica adulteração e manipulação dos sistemas de medição. As irregularidades são apuradas em conjunto com a Delegacia de Crimes contra a Ordem Tributária (DECCOTERC).

Embora nenhuma prisão tenha sido realizada até o momento, os investigadores afirmam que há fortes indícios de ligação entre empresários locais e o esquema nacional já desarticulado pela primeira fase da Operação Carbono Oculto, deflagrada em São Paulo em agosto.


Segundo a Polícia Civil, o PCC criou uma rede de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar dinheiro e fraudar o mercado de combustíveis, movimentando cerca de R$ 5 bilhões. As apurações apontam interconexão direta entre empresários piauienses e operadores financeiros que atuaram no eixo São Paulo–Nordeste.

primeira fase da operação, em agosto, contou com cerca de 1.400 agentes e desarticulou um esquema que envolvia empresas formuladoras de combustíveis ligadas ao PCC. Entre 2020 e 2024, essas empresas importaram R$ 10 bilhões em nafta, hidrocarbonetos e diesel com dinheiro ilegal, além de sonegarem R$ 8,67 bilhões em impostos e adulterarem combustíveis em mais de mil postos em dez estados.

As investigações conduzidas pela Receita Federal e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelaram uma operação complexa, que começava em usinas sucroalcooleiras e se estendia a refinarias clandestinas, passando por fintechs e fundos de investimento usados para disfarçar a origem do dinheiro. Durante as ações anteriores, houve buscas na Avenida Faria Lima, um dos principais centros financeiros de São Paulo.

Operação Carbono Oculto 86 é coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI), com apoio do Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de laboratórios de inteligência financeira.

Segundo a SSP-PI, a ação representa um avanço nas investigações sobre a presença do crime organizado no mercado de combustíveis, reforçando a integração entre forças policiais e órgãos de controle financeiro para desarticular as fontes de renda do PCC no país.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *