Questionamentos sobre o uso de recursos públicos para a hospedagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva em Belém, durante eventos ligados à COP30, geraram movimentação no Congresso Nacional. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), vice-líder da oposição na Câmara, protocolou pedidos de investigação no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Procuradoria-Geral da República (PGR), na última terça-feira, 4.
No documento, Sanderson solicita apuração sobre possíveis falhas de economicidade, transparência e legalidade no aluguel do barco Iana III. Trata-se de uma embarcação de luxo escolhida para abrigar Lula, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, e a equipe, em vez do navio da Marinha do Brasil, anteriormente disponibilizado de forma gratuita.
Detalhes da hospedagem de Lula e escolha do Iana III
Uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo publicada na segunda-feira 3 mostrou que o Palácio do Planalto preferiu o Iana III em razão do conforto proporcionado por quartos mais espaçosos, mesmo com menor capacidade de acomodação.
A embarcação consome cerca de 150 litros de diesel por hora de navegação. Esse fato contrasta com o tema do encontro na COP30, que trata de segurança ambiental. O local também foi cenário de momentos de descontração, como uma dança da primeira-dama.
Sanderson, ao portal Poder360, afirmou que as solicitações ao TCU e à PGR são justificadas por considerar a despesa “inconveniente, absurda e inoportuna”. “Em meio a tantos problemas Brasil afora, Lula gastar quase meio milhão de reais para se hospedar num iate de luxo durante a COP30 é inadmissível”, disse o parlamentar.
“Vale registrar que a Marinha havia disponibilizado um navio gratuito, seguro, pronto para ser usado — mas foi descartado, porque não era ‘confortável o bastante’.”
Durante visita à região no início de outubro, Lula já havia expressado intenção de se hospedar em um barco. “Eu vou querer dormir no barco”, disse. “Ainda não tem o barco, mas eu vou encontrar um barco, que eu vou dormir no barco. Porque eu não quero luxo, eu quero vir participar dessa COP, porque essa COP tem que ser a COP da verdade. Até agora a gente vai tomando muitas decisões e não tem cumprido as decisões que a gente toma.”
O Iana III, construído entre 2010 e 2011, possui três andares, mede 45 metros de comprimento e 8 metros de largura. Conta com ar-condicionado em todas as áreas de passageiros.
A embarcação está atracada na Base Naval de Val de Cães e foi contratada da empresa Icotur Transporte e Turismo, de Manaus. Sua tripulação fixa inclui quatro profissionais, além de funcionários para o atendimento aos hóspedes.
A opção por acomodar a delegação presidencial em uma embarcação ocorreu diante da escassez de vagas e dos preços elevados praticados no setor hoteleiro de Belém desde janeiro. A situação ainda contou com a proximidade da COP30, o que elevou a disputa por hospedagem na cidade.
