A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito para investigar uma suposta ameaça de integrantes do Comando Vermelho (CV) à Subestação Marituba, uma das principais estruturas elétricas da região metropolitana de Belém (PA), onde será realizada a COP30 entre os dias 10 e 21 de novembro.
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, as ameaças foram comunicadas pela empresa responsável pela operação, a Verene Energia S.A., que relatou que, em 30 de outubro, um homem que se apresentou como membro da facção criminosa exigiu “a suspensão imediata da obra de expansão e a interrupção diária de todas as atividades a partir das três da tarde”.
Um relatório de inteligência sobre o caso foi encaminhado às Forças de Segurança do Pará, à PF, à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O Ministério de Minas e Energia também foi acionado e solicitou reforço da proteção na área.
O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, confirmou à imprnesa que o inquérito foi instaurado na última terça-feira (4) e destacou que ainda é cedo para afirmar se a ação está relacionada à atuação de facções criminosas ou a um ato isolado.
“Só a investigação poderá apontar se foi um movimento isolado de dois oportunistas ou algum movimento de facção”, afirmou Rodrigues.
A Subestação Marituba é considerada uma infraestrutura crítica do Sistema Interligado Nacional. Uma eventual falha ou interrupção em suas operações poderia afetar o abastecimento de energia e os sistemas de comunicação da região, especialmente durante o período da conferência da ONU sobre meio ambiente e mudanças climáticas.
A Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) informou que a denúncia chegou há cerca de uma semana e que as obras seguem normalmente, sem paralisações. O secretário da pasta, Ualame Machado, garantiu que as forças de segurança estão mobilizadas e preparadas para qualquer cenário:
“Então, o próprio crime sabe que as polícias do Pará estão preparadas. Claro que nós monitoramos qualquer movimento diferente na situação. O time de inteligência está acionado. O subsistema de inteligência pública do Pará, que é a reunião de toda a inteligência dos órgãos de segurança pública do Pará, reúne diuturnamente para que a gente possa trocar informação, analisar. Então, qualquer movimento diferente a gente detecta e consegue, claro, alertar a nossa tropa, preparar um policiamento, preparar uma grande operação e, assim, proteger a população do Pará. A gente não está preparado para possíveis retaliações. Está preparado para o que vier. Pode não vir. Se quiserem fazer, a gente está preparado também, mas também ela pode não ocorrer. Isso é uma incógnita que somente a inteligência nos aponta e a gente tem um planejamento próprio para cada tipo de situação”.
A Segup informou ainda que a Polícia Militar mantém rondas constantes no entorno da subestação e que a Polícia Civil também instaurou um inquérito paralelo para apurar os fatos.
A suposta ameaça acontece poucos dias após a operação policial mais letal da história do país, realizada em 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, contra o Comando Vermelho, que deixou 121 mortos. O episódio reacendeu o debate sobre segurança pública e violência armada no Brasil.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende o fortalecimento da integração entre forças policiais por meio da PEC da Segurança Pública, atualmente em tramitação no Congresso. Paralelamente, senadores instalaram nesta semana a CPI do Crime Organizado, que busca mapear a atuação de facções e milícias e propor medidas concretas de enfrentamento ao crime organizado.