O Kremlin expressou nesta sexta-feira (14) sua confiança em que os Estados Unidos não tomem medidas que desestabilizem a situação “em torno da Venezuela” e da região do Caribe, depois que o Pentágono anunciou nesta quinta (13) a operação militar “Lança do Sul” contra o narcotráfico na América Latina.
– Confiamos em que nenhuma ação seja adotada que possa levar à desestabilização da situação na região do Caribe e em torno da Venezuela, e que tudo seja feito de acordo com o direito internacional – disse o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, em sua coletiva de imprensa telefônica diária.
Peskov lembrou que o respeito do direito internacional “se encontra em muitos lugares do mundo em um estado lamentável”.
O anúncio da operação por parte do secretário de Guerra americano, Pete Hegseth, ocorreu pouco depois da chegada ao sul do Caribe do porta-aviões mais extenso e sofisticado dos Estados Unidos, o USS Gerald Ford, que se somou assim ao destacamento de destróieres e navios de desembarque anfíbio que Washington mantém na região desde meados de agosto.
O destacamento militar tem sido acompanhado de advertências ao ditador venezuelano Nicolás Maduro, e com a destruição sumária por parte do Pentágono de cerca de 20 embarcações nas águas do Caribe e do Pacífico oriental (matando cerca de 70 de seus ocupantes), que Washington assegura serem lanchas que transportavam fentanil para os EUA.
– O hemisfério ocidental é a vizinhança dos Estados Unidos, e nós o protegeremos – completou a mensagem de Hegseth nas redes sociais.
ACORDO ENTRE RÚSSIA E VENEZUELA
O Acordo de Associação Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela entrou em vigor na última quarta (12), depois que ambas as câmaras do Parlamento russo instaram a comunidade internacional a condenar as “ações provocadoras dos Estados Unidos” contra a Venezuela.
O presidente russo, Vladimir Putin, promulgou a lei de ratificação do acordo no último dia 27 de outubro, algo que seu homólogo venezuelano havia feito no dia 7 do mesmo mês.
O acordo amplia a interação entre ambos os países nas esferas política e econômica, incluindo energia, mineração, transporte e comunicações, bem como em segurança e luta contra o terrorismo e o extremismo.
Embora suas cláusulas sejam desconhecidas, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, negou na última terça (11) as informações sobre o pedido de ajuda militar da Venezuela a Moscou em decorrência da escalada das tensões com os Estados Unidos.
– Não, não recebemos nenhuma solicitação – disse Lavrov, após o que acrescentou que a Rússia “está preparada para cumprir plenamente com as obrigações reciprocamente consagradas no acordo com nossos amigos venezuelanos”.
Enquanto isso, o líder venezuelano afirmou há uma semana que seu país e a Rússia estão “avançando” em uma cooperação militar que descreveu como “serena e muito proveitosa” e que – assegurou – “vai continuar”.
Segundo a imprensa internacional, o governo Maduro havia solicitado à Rússia ajuda para reforçar as defesas aéreas do país, incluindo 14 unidades de mísseis, a modernização de vários aviões Su-30MK2 e radares.