O ministro da Educação, Camilo Santana, recebeu em seu gabinete a ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Carla Ariane Trindade, alvo de operação da Polícia Federal (PF) por suspeita participar de desvio de verbas da Educação em municípios de São Paulo. O encontro não constava na agenda do ministro, mas a entrada de Carla foi registrada na portaria do ministério e revelada via Lei de Acesso à Informação (LAI).
Segundo as informações, Carla entrou no MEC no dia 12 de julho de 2024, às 12h, com destino ao gabinete do ministro. Na descrição de sua função, constava somente “Presidente Lula”, embora a ex-nora do chefe do Executivo não possua cargo no governo.
Carla foi casada com Marcos Cláudio, filho de Marisa Letícia adotado por Lula. Ela se tornou alvo de operação da PF na última quarta-feira (12), por suspeita de receber dinheiro para obter influência no Ministério da Educação e fraudes em licitações.
No mesmo dia da visita de Carla, a agenda oficial de Camilo previa que ele faria uma visita ao hospital da Universidade de Brasília (UnB) entre 9h30 e 11h e realizaria uma viagem para Fortaleza, Ceará, sem especificação de horário.
Além de Carla, a portaria também registrou a entrada do ex-deputado estadual do Ceará George Lima e do secretário educacional Fernando Moraes, também investigado pela PF. Ambos foram recebidos pelo ministro em seu gabinete.
Segundo as investigações da PF, um grupo de cinco pessoas teria feito lobby junto ao governo federal a fim de liberar verbas para municípios do interior de São Paulo por meio de contratos com a Life Tecnologia Educacional, empresa que forneceu equipamentos superfaturados. O proprietário da empresa, André Mariano, teria fornecido propina a servidores e lobistas, pagando ainda duas viagens de Carla a Brasília.
– A investigação indicou práticas sofisticadas de lavagem de dinheiro, com o repasse de valores para empresas de fachada, atuação de doleiros e utilização de criptoativos, tudo com a finalidade de, para além do enriquecimento ilícito daqueles diretamente envolvidos, repasse de valores a terceiros, em sua maioria funcionários ou agentes públicos, que agiam para garantir a contratação da empresa LIFE por meio fraudulento – disse a juíza Raquel Coelho Dal Rio Silveira, da 1ª Vara Federal de Campinas (SP), que deflagrou a operação.