É falso que Trump zerou todas as tarifas sobre o Brasil

Um boato de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria cancelado todas as tarifas de importação aplicadas ao Brasil se espalhou pelas redes nos últimos dias, mas a informação é falsa. O que ocorreu foi uma medida mais limitada: a Casa Branca anunciou, na noite da última sexta-feira (14), o corte das chamadas tarifas de reciprocidade – que era de 10% sobre o Brasil – em relação a cerca de 200 itens.


A mudança abrange produtos como café, suco de laranja e carne bovina, além de algumas frutas como manga, banana e açaí, que são exportadas pelo Brasil. No entanto, a redução não altera a sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros, anunciada no fim de julho por Trump. Essa tarifa mais pesada segue valendo integralmente para a maioria das exportações brasileiras.

Segundo o governo brasileiro, a diminuição das tarifas menores elevou de 23% para 26% o total de produtos exportados para os Estados Unidos que não estão sujeitos a tarifas adicionais, o que representa cerca de 10 bilhões de dólares (R$ 53 bilhões) em mercadorias. Ainda assim, o impacto foi recebido com cautela por setores produtivos.

A Confederação Nacional da Indústria destacou que, entre 80 produtos agrícolas beneficiados pela redução de 10%, apenas quatro passaram a ficar completamente isentos, enquanto os demais continuam submetidos à sobretaxa de 40%.

Entidades do agronegócio também observaram que a medida acabou favorecendo concorrentes diretos do Brasil, uma vez que outros países tiveram as mesmas reduções de tarifa, mas não enfrentam o tarifaço excepcional aplicado aos brasileiros. No caso do café, por exemplo, a Colômbia — principal rival no mercado norte-americano — passou a ter tarifa zero, enquanto o Brasil segue pagando 40%.


O corte anunciado por Trump não esteve relacionado a negociações bilaterais específicas, segundo economistas. Embora integrantes do governo brasileiro, como o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o chanceler Mauro Vieira, tenham mantido conversas recentes com autoridades norte-americanas, a Casa Branca justificou a redução como uma medida voltada ao controle dos preços domésticos nos EUA.

Apesar do esforço diplomático brasileiro para tentar reverter a sobretaxa, Trump sinalizou que não pretende adotar novas reduções. Questionado por jornalistas, o presidente norte-americano afirmou que não acha “necessário” fazer novos ajustes tarifários. Na prática, portanto, o tarifaço permanece em pleno vigor.

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