O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), trocou mensagens com Roberto Augusto Leme da Silva, conhecido como Beto Louco, e com um motorista particular de Brasília que revelam como o empresário presenteou o senador com canetas de Mounjaro. As informações são do Uol.
Beto Louco é investigado pela Polícia Federal por liderar um esquema de fraude em combustíveis e lavagem de dinheiro. Ele está foragido após ser alvo das operações Carbono Oculto, Tank e Quasar. Alcolumbre não se manifestou sobre o caso.
Uma das suspeitas apuradas pela PF é a possível ligação de postos de combustíveis envolvidos no esquema com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Na época das mensagens, Alcolumbre já era apontado como principal nome para suceder Rodrigo Pacheco na presidência do Senado. Além disso, o uso de Mounjaro para perda de peso ainda não tinha autorização da Anvisa — a liberação só ocorreu em junho de 2025. Com a proibição, o acesso ao medicamento se restringia ao mercado paralelo ou a pessoas que viajavam com frequência ao exterior. Cada caneta custava cerca de R$ 15 mil.
Um dia antes das conversas obtidas pelo UOL, o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, recebeu convidados em sua casa, no Lago Sul, para comemorar seu aniversário de 49 anos. Entre os presentes estavam Alcolumbre e Beto Louco.
Durante o almoço, Alcolumbre comentou a dificuldade que ele e outros senadores enfrentavam para comprar Mounjaro no Brasil. Beto afirmou conhecer uma mulher chamada Franciele, que teria acesso ao medicamento por viajar regularmente a Dubai, nos Emirados Árabes. Ele prometeu ao senador que conseguiria algumas unidades e as enviaria rapidamente a Brasília.
Segundo a reportagem, no dia 6 de agosto, como mostram as mensagens, Beto Louco — que estaria em Brasília, conforme relato do motorista — avisou que precisaria dos serviços dele para buscar um “medicamento” que chegaria à capital em um voo comercial, trazido por uma pessoa de sua confiança.
Pouco depois, o motorista questiona quem receberia o pacote. “É para o Davi?”, enviou às 17h21. Mais tarde, ele confirma a entrega do material a Janduí Nunes Bezerra Filho, então motorista pessoal de Alcolumbre e atualmente auxiliar parlamentar sênior em seu gabinete. Janduí ocupa cargos comissionados ligados ao senador desde 2015.
“Fala pra ele que tá entregue, tá tudo ok. O senador já tá até sabendo, já falei com ele aqui. Dei um jeito de falar com ele que recebi, já tá entregue”, disse Janduí em áudio obtido pela reportagem.
Minutos depois, Beto Louco agradece ao motorista: “Muito obrigado, meu amigo. Bom descanso, abração.”
Procuradas, a assessoria de Alcolumbre não se manifestou. A defesa de Beto Louco disse desconhecer os fatos e negou qualquer relação do empresário com o PCC: “Não existe nenhuma evidência probatória que dê liame a essa falsa alegação”, afirmou.