A possibilidade de transferência do ex-presidente Jair Bolsonaro para o 19º Batalhão da PMDF, conhecido como Papudinha, voltou a ganhar força entre familiares, aliados e integrantes de sua defesa. Preso desde 22 de novembro na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, Bolsonaro ocupa uma cela de cerca de 12 m², considerada limitada e sem estrutura médica adequada pelos advogados.
A mudança, ainda não oficializada, é vista como uma alternativa mais confortável e segura caso o Supremo Tribunal Federal negue o pedido de prisão domiciliar. Segundo apuração da CNN Brasil, aliados consideram improvável que o benefício seja concedido ainda este ano, o que levou à intensificação das discussões sobre sua transferência.
Na sede da PF, Bolsonaro relata desconforto com o barulho de um gerador e com o isolamento — ele permanece 22 horas por dia dentro da sala, segundo o deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), que visitou o local. A defesa também critica a ausência de equipe médica permanente na unidade.
A Papudinha, por outro lado, oferece uma estrutura significativamente maior, com cerca de 60 m², incluindo cozinha, sala, quarto, banheiro, quintal e lavanderia, além de ventilador e televisão. O batalhão conta também com atendimento médico próprio do sistema prisional. No local, cumpre pena o ex-ministro Anderson Torres.
Aliados consideram que essas condições proporcionariam ao ex-presidente mais privacidade e recursos para lidar com o quadro de saúde que sua defesa descreve como “delicado”.
A defesa afirma que Bolsonaro precisa passar por dois procedimentos cirúrgicos, ambos urgentes: um para tratar crises persistentes de soluços e outro para corrigir uma hérnia inguinal. Os advogados dizem que ele necessitaria de internação imediata em ambiente hospitalar por até sete dias.
Como os exames enviados ao Supremo estavam defasados, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal realize, em até 15 dias, uma nova perícia médica — etapa considerada fundamental antes de qualquer decisão sobre transferência ou concessão de prisão domiciliar.
Moraes autorizou ainda que o ex-presidente receba atendimento médico integral e que seus médicos pessoais tenham acesso a ele sem necessidade de autorização prévia.
O 19º BPM é conhecido por abrigar presos de grande repercussão em celas mais amplas que as comuns do sistema prisional. Por isso, ganhou o apelido de “Tremembé de Brasília”, referência à penitenciária paulista que já recebeu nomes famosos.
Entre os detidos que passaram pela Papudinha estão José Dirceu, Valdemar Costa Neto, Marcos Valério e Paulo Maluf.
Embora aliados defendam a transferência, o pedido formal ainda não foi protocolado no STF. A defesa aguarda o laudo da perícia ordenada por Moraes, que deve indicar se há necessidade real de cirurgia imediata e quais cuidados médicos são indispensáveis.
A decisão final sobre a mudança caberá ao ministro do Supremo. Até lá, Bolsonaro segue custodiado na PF, em uma sala com cama de solteiro, armários, mesa de apoio, televisão, frigobar, ar-condicionado, janela e banheiro privativo — estrutura que, segundo seus aliados, não impede o isolamento excessivo nem supre suas demandas de saúde.