O advogado de defesa de um dos investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais, que são conduzidos pelo Supremo Tribunal Federal, contestou as explicações dadas pelo ministro Alexandre de Moraes aos questionamentos da Ordem dos Advogados do Brasil.
Conforme foi relatado aqui no Vista Pátria, Moraes alegou que todos os pedidos citados pela entidade sobre os inquéritos foram analisados e respondidos, e que ele assegura o acesso amplo dos advogados de defesa a elementos de prova contra seus clientes.
O responsável pela defesa de um dos investigados nos inquéritos sigilosos tocados pelo Supremo, o advogado Emerson Grigollette, foi mencionado no despacho do ministro.
Durante uma entrevista a Gazeta do Povo, o advogado afirmou que não tinha conhecimento que seu cliente era citado no Inquérito 4.879 e nem na PET 9.005, mencionados por Moraes como se os autos estivessem disponíveis à defesa.
“O cliente que represento, Bernardo Küster, só tomou conhecimento da ação porque sofreu busca e apreensão de aparelhos dele, que tinham dados pessoais, e até hoje o ministro não se deu o trabalho de despachar se vai devolver ou não. O único procedimento que apresentei petições, desde 2020 até agora, foi no 4.781, e desde o dia 29 de maio de 2020 estamos tentando ter acesso integral aos autos”, disse.
De acordo com Grigollete, Moraes não dá acesso amplo aos autos e libera apenas partes do processo com paginação incompleta, em papel. Além disso, o ministro cria novos inquéritos sem comunicar aos advogados de defesa.
“Nunca tivemos acesso ao processo na íntegra que deve ter mais de 10 mil páginas. É impossível fazer defesa com menos de 15% do inquérito, e o problema de não ter acesso é que estamos trabalhando no escuro e não dá pra adivinhar o que posso fazer”, explicou Grigollette.
Grigollete também fez um convite para OAB para averiguar, pessoalmente, junto ao ministro Alexandre de Moraes, se as prerrogativas das defesas foram realmente respeitadas. “Ninguém quer ofender o ministro, mas precisamos confrontar; ou o ministro abre o sigilo dos inquéritos ou a OAB me acompanha pra conferir se ele vai nos receber e as dificuldades que estamos tendo”, disse.