Nesta terça-feira (21), o advogado de Jair Bolsonaro (PL), Celso Vilardi, afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) precisa rever “todos os atos” das investigações da Polícia Federal (PF) contra o ex-presidente e pediu por um julgamento “técnico”. Vilardi destacou a importância de garantir a Bolsonaro um julgamento justo para que o país possa “virar a página”.
“Nós precisamos de um julgamento que respeite o direito de defesa. E isso significa o Supremo rever todos os atos da investigação, desde o início até o final”, declarou o criminalista. Vilardi, que assumiu a coordenação da defesa de Bolsonaro em 9 de janeiro, criticou as investigações da PF, qualificando o sistema de perguntas feitas às testemunhas como “absolutamente inaceitável”.
“Não houve um depoimento na PF de nenhuma forma dizendo: ‘O que aconteceu?’, ‘narre o que aconteceu’. As perguntas eram feitas da seguinte forma: ‘O senhor confirma isso? Sim ou não?’ Depois de quatro ‘sim’ e três ‘não’ vem uma interpretação. Deixam a pessoa falar depois que ela está comprometida com as respostas”, detalhou Vilardi durante entrevista à CNN Brasil.
Sem especificar a existência de “falhas processuais que podem anular o processo”, o advogado disse não temer uma defesa baseada no mérito. “Eu acho que é possível ter uma defesa absolutamente contundente em relação ao mérito, porque eu já disse que não há nada contra o presidente Bolsonaro”.
Antes de assumir a defesa de Bolsonaro, Vilardi, que também é professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em São Paulo, havia declarado em entrevistas que os indícios divulgados em relação à tentativa de golpe de Estado eram “absolutamente claros”, os depoimentos eram “consistentes” e o trabalho da PF era “muito bem-feito”. O advogado chegou a dizer também que Bolsonaro “exerceu seu mandato para arruinar com os alicerces do sistema democrático”, além de ter sido signatário em 2020 do manifesto “Basta!”, que repudiou as falas do ex-presidente contra as instituições e a sua gestão da pandemia do covid-19.
Questionado sobre tais declarações, o advogado negou quaisquer constrangimentos e diz se sentir “completamente à vontade”. Em relação especificamente ao caso, Vilardi disse que suas opiniões anteriores tiveram como base as informações divulgadas à época e que agora, como advogado e com acesso aos autos, pôde fazer uma análise sob outro ponto de vista. “Continuo achando graves vários fatos que aconteceram, como por exemplo a questão que envolve diretamente o ministro Alexandre de Moraes. Agora, eu estou na posição de quem leu o processo. […] E hoje eu verifiquei que não há envolvimento do presidente Jair Bolsonaro nas questões que estão apontadas pela PF”, concluiu.
O criminalista voltou a criticar as delações do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, alegando fragilidades na sua obtenção. Segundo Vilardi, as informações produzidas por Cid tiveram sua voluntariedade questionadas pelo próprio delator. Bolsonaro e mais 38 pessoas foram indiciados pela PF por golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de Direito e por integrar organização criminosa. O ex-presidente já havia sido indiciado por organização criminosa nos inquéritos das joias e da fraude do cartão de vacina da covid-19.
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