A Polícia Federal (PF) realizou nesta sexta-feira (12) uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Entre os endereços vistoriados, estiveram o escritório e a residência do advogado Nelson Wilians, sócio fundador do Nelson Wilians Advogados Associados (NWADV).
Durante a ação, foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva — contra Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, preso em Brasília, e Maurício Camisotti, detido em São Paulo — e 13 mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Distrito Federal. Na casa de Wilians, foram apreendidas dezenas de obras de arte. Em Brasília, os policiais encontraram uma Ferrari, um carro de Fórmula 1, relógios de luxo e dinheiro em espécie.
O advogado, conhecido por ostentar luxo nas redes sociais, é suspeito de realizar transações financeiras com Camisotti e uma das associações envolvidas no esquema. A defesa de Wilians esclareceu, em nota, que “tem colaborado integralmente com as autoridades” e que “a medida cumprida é de natureza exclusivamente investigativa, não implicando qualquer juízo de culpa ou responsabilidade”.
Nelson Wilians é sócio fundador do NWADV, um dos maiores escritórios de advocacia empresarial da América Latina, com presença em países como Portugal, Índia e China. Ele ganhou notoriedade nacional ao defender Rose Miriam, mãe dos filhos de Augusto Liberato, na disputa pela herança do apresentador Gugu, e também tentou atuar na defesa do cantor Gusttavo Lima em 2024.
Nas redes sociais, onde acumula 1,5 milhão de seguidores, Wilians compartilha momentos do escritório, viagens e carros de luxo, incluindo uma Ferrari e um Bentley personalizado. Ele é casado com Anne Carolline Wilians Vieira Rodrigues e pai de quatro filhos. A esposa é diretora do Instituto Nelson Wilians, que promove educação inclusiva para adolescentes, jovens e mulheres em situação de vulnerabilidade.
Segundo a PF, o esquema investigado envolvia associações e entidades que cadastravam aposentados sem autorização, usando assinaturas falsas para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS. Antônio Carlos Camilo Antunes é apontado como lobista do esquema e teria movimentado R$ 9,3 milhões entre 2023 e 2024, repassando parte dos valores a pessoas ligadas a servidores do INSS.