Durante as oitivas de testemunhas relacionadas aos núcleos 2, 3 e 4 da investigação sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), protagonizou um momento de tensão com o advogado Jeffrey Chiquini, que representa o réu Filipe Martins.
A discussão ocorreu antes do depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro e atualmente colaborador no processo. Chiquini questionou a recente disponibilização dos autos do processo, alegando dificuldade para garantir a ampla defesa de seu cliente. Moraes rebateu, afirmando que a questão já havia sido decidida anteriormente.
“Enquanto eu falo, o senhor fica quieto”, disse o ministro ao advogado, após ser interrompido. Chiquini insistiu em argumentar, o que tornou a comunicação entre os dois truncada.
Em outro momento da audiência, a defesa de Filipe Martins questionou a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o que novamente foi rebatido por Moraes: “Não é o senhor que vai ditar se a PGR deve denunciar seu cliente no núcleo 1, 2 ou 3. Se não, deveria ter feito concurso para a Procuradoria”.
Filipe Martins e outros investigados respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Durante a manhã, o juiz auxiliar Rafael Henrique, que atua junto ao gabinete de Moraes, ouviu as testemunhas de acusação intimadas pela PGR. No período da tarde, o próprio ministro conduziu a oitiva do tenente-coronel Mauro Cid, após estar ausente nas sessões matutinas.
Antes de Cid, prestaram depoimento as testemunhas Clebson Ferreira de Paula Vieira e Adiel Pereira Alcântara, também indicadas pela PGR, sem a presença do ministro Moraes nem do procurador-geral da República, Paulo Gonet. O processo segue em andamento no Supremo.