Alunos de algumas escolas da rede municipal de São Paulo estão sendo proibidos de repetir frutas e lanches fornecidos por uma empresa contratada pela gestão de Ricardo Nunes (MDB) para distribuir merendas na região do Campo Limpo, zona sul da capital.
O contrato com a Sepat Multi Service LTDA, uma empresa de Joinville (SC), entrou em vigor no dia 1º de novembro e terá validade até o final de 2025.
O acordo abrange 190 instituições de ensino sob a responsabilidade da Diretoria Regional de Ensino (DRE) Campo Limpo, incluindo escolas infantis (EMEI), fundamentais (EMEF), de educação especial (EMEBS), de jovens e adultos (EJA), além dos CEUs (Centro Educacionais Unificados).
O cardápio diário das escolas inclui lanche, refeição e sobremesa. Para atender a essa DRE, a prefeitura pagará quase R$ 12 milhões por mês à Sepat, com o valor sendo calculado com base no número de refeições servidas diariamente.
A direção das escolas deve reportar essas quantidades às diretorias regionais, juntamente com uma avaliação do serviço prestado.
Em conversas com diretores de escolas da região, que preferiram manter o anonimato, a reportagem do jornal Folha de S. Paulo teve acesso a uma medição diária de merenda que detalha a quantidade total de refeições servidas e as repetições.
No caso das sobremesas, o relatório mostrou que a empresa não permitiu a repetição de frutas como melão, melancia e salada de frutas, servidas em dias específicos.
A Sepat, por meio de seu canal no WhatsApp, afirmou que segue as diretrizes da prefeitura e encaminhou a reportagem à Secretaria Municipal de Educação. Em nota, a pasta informou que as frutas como sobremesa são disponibilizadas em quantidade suficiente para que os alunos possam repetir, caso desejem, e que qualquer informação contrária não está de acordo com as diretrizes da Divisão de Nutrição Escolar.
Em relação à limitação na repetição de lanches, a gestão municipal explicou que o departamento de nutrição recomenda oferecer apenas um lanche por estudante por dia, a fim de evitar que o aluno perca o apetite para as refeições principais, que têm maior valor nutricional.
Professores da região, no entanto, destacaram que muitos alunos chegam famintos às escolas, e o lanche é a primeira refeição disponível para saciar a fome. O Campo Limpo, uma das áreas mais carentes da zona sul, está entre os dez distritos com os piores indicadores no Mapa da Desigualdade, que avalia educação, saúde, habitação e renda.
A nutricionista Sabrina Theil, da clínica Doutora Fit, concordou que restringir a repetição de lanches pode ser justificável dependendo das necessidades calóricas dos alunos, mas criticou a proibição da repetição de frutas. Ela destacou que, para crianças em situação de insegurança alimentar, permitir a repetição de frutas é uma forma de garantir a ingestão de nutrientes essenciais, como vitaminas e minerais.
A Secretaria de Educação reafirmou que os alunos podem repetir as refeições principais, que incluem arroz, leguminosas ou macarrão, carnes, vegetais e frutas como sobremesa. A pasta também informou que o orçamento para alimentação escolar foi aumentado de R$ 184,2 milhões em 2021 para R$ 270,6 milhões em 2023, com 2,7 milhões de refeições servidas diariamente aos estudantes da rede municipal.
Além do contrato com a DRE Campo Limpo, a Sepat também firmou um acordo com a DRE Santo Amaro, com um valor estimado em R$ 70 milhões ao ano, com início previsto para dezembro. A cidade de São Paulo é dividida em 13 DREs, e a do Campo Limpo é uma das maiores em número de alunos matriculados e de equipamentos públicos.
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