O ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, se manifestou nesta segunda-feira (24) para rebater as declarações feitas pelo ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, que a acusou de se “perder no personagem” após denunciá-lo por importunação sexual. Em nota publicada em suas redes sociais, Anielle chamou de “inaceitável” a tentativa de descredibilizar vítimas de assédio sexual, minimizando suas dores e transformando relatos graves em “fofocas” e “brigas políticas”.
Silvio Almeida, em entrevista ao portal UOL, afirmou que tanto ele quanto a ministra foram vítimas de uma “armadilha”, sugerindo que as acusações de Anielle seriam parte de intrigas políticas. O ex-ministro disse que a ministra “se perdeu no personagem” e que ambos haviam caído em uma trama, destacando que “a intriga se torna uma arma política” quando se ocupa um cargo de ministro de Estado.
Em sua nota, Anielle reafirmou sua confiança nas investigações da Polícia Federal, que conduzem o caso, e anunciou que o ex-ministro prestará depoimento à PF na manhã desta terça-feira (25).
Eis a íntegra da nota de Anielle Franco:
“A tentativa de descredibilizar vítimas de assédio sexual, minimizar suas dores e transformar relatos graves em ‘fofocas’ e ‘brigas políticas’ é inaceitável.
Na véspera de prestar depoimento à Polícia Federal como investigado, o acusado escolheu utilizar um espaço público para atacar e desqualificar as denúncias, adotando uma postura que perpetua o ciclo de violência e intimida outras vítimas.
O direito à defesa é assegurado, mas não pode ser usado como instrumento de desinformação e revitimização. Insinuar retaliações descabidas contra quem denuncia é uma estratégia repulsiva que reforça estruturas de silenciamento e impunidade.
Importunação sexual não é questão política, é crime. Sendo assim, reitero minha confiança na seriedade das investigações conduzidas pela Polícia Federal e reforço meu compromisso com a defesa das vítimas e o combate à violência de gênero e raça.”