Os preços médios da gasolina, do diesel e do etanol registraram aumento nos postos de combustíveis do Brasil em 2024, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A gasolina passou de R$ 5,58 na última semana de 2023 para R$ 6,15 na última semana de 2024, um aumento de 10,21%. O etanol, que teve a maior alta entre os combustíveis, subiu de R$ 3,42 para R$ 4,12, um aumento de 20,46%. O diesel também registrou elevação, passando de R$ 5,86 para R$ 6,06, uma alta de 3,41%.
O aumento no preço do etanol foi impulsionado pela queda na produção de cana-de-açúcar, em parte devido às queimadas, e pela alta na cotação do açúcar no mercado internacional. Segundo Ricardo Balistiero, professor de economia do Instituto Mauá de Tecnologia, o aumento no preço do açúcar fez com que as usinas direcionassem parte da produção para essa commodity, desequilibrando a oferta e a demanda do etanol.
O aumento da gasolina e do diesel foi influenciado, em grande parte, pela reoneração do PIS/Cofins e pela alta do ICMS. Apesar da elevação dos preços nos postos, o impacto da gasolina no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi menor em 2024 em comparação com o ano anterior, o que significa que o combustível, que tem grande peso na inflação oficial do país, pressionou menos o índice de preços.
A Petrobras, por sua vez, adotou uma postura mais comedida em relação aos reajustes. Em 2024, a petroleira fez apenas um aumento no preço da gasolina, aplicado em 8 de julho, de R$ 0,20 (ou 7,11%) para as distribuidoras, levando o preço a R$ 3,01. A mudança de política de preços da Petrobras, adotada em maio de 2023, foi um fator relevante, já que a empresa deixou de seguir a política de paridade internacional (PPI), que reajustava os preços com base nas variações do dólar e do petróleo no mercado internacional.
Em 2024, o mercado de capitais demonstrou confiança na nova política de preços da Petrobras, refletida na valorização de cerca de 20% das ações da empresa. Isso, segundo o economista Ricardo Balistiero, mostra que a política agradou ao mercado e ajudou a reduzir a pressão inflacionária dos combustíveis. No entanto, a empresa enfrentou uma queda nas margens de refino, transporte e comercialização, o que pode estar relacionado a uma série de outros fatores, como a variação cambial e os custos de produção.
O impacto da gasolina no IPCA foi bem mais suave em 2024. De acordo com André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), os combustíveis responderam por 9,53% do IPCA nos 12 meses até outubro, um valor consideravelmente inferior ao registrado no mesmo período de 2023, quando os combustíveis representaram 17,57% do índice de preços. Apesar da alta do etanol, que teve um impacto mais significativo, ele comprometeu menos de 1% do orçamento familiar.
O cenário futuro, no entanto, é incerto, com diversos conflitos internacionais impactando diretamente o preço do petróleo. No Brasil, a economia tem mostrado sinais positivos, como o crescimento do PIB e a redução do desemprego, mas desafios fiscais e inflacionários permanecem. O governo federal anunciou um pacote de corte de gastos, ainda em discussão no Congresso, enquanto o Banco Central sinalizou a possibilidade de aumentos significativos na taxa Selic para controlar a inflação.
Apesar dos desafios, Braz acredita que a dívida pública não levaria o Brasil à falência, mas que uma postura mais comprometida do governo com as contas públicas poderia acalmar o mercado e dissipar as dúvidas sobre o cumprimento das metas de inflação.
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