A Polícia Civil de São Paulo vai encaminhar à Justiça, nesta terça-feira (10/6), os autos do inquérito aberto para apurar o ataque à Escola Estadual Sapopemba, na zona leste da cidade, que resultou na morte da adolescente Giovanna Bezerra da Silva, de 17 anos, em outubro de 2023. O objetivo é que, uma vez autorizado pela Justiça, o relatório do caso seja encaminhado à Polícia Federal, que tem outro inquérito aberto sobre o tema.
A investigação paulista apurava a participação de outras pessoas no planejamento do atentado. O autor dos tiros em Sapopemba, um aluno com 16 anos na época, compartilhou o plano contra a escola com outras pessoas na rede social Discord.
Na época do ataque, prints de mensagens obtidos pelo Metrópoles mostraram que o adolescente foi incentivado e instruído sobre como cometer o atentado por participantes de um grupo do Discord. O atirador enviou fotos da sala de aula e das escadas do colégio e pediu ajuda para definir a melhor estratégia para praticar o atentado.
Em 2024, o Ministério Público de Portugal apontou um adolescente do país, com 17 anos, como o criador do grupo em que o brasileiro planejou o ataque à escola de Sapopemba. O português também era investigado por outros crimes e foi preso preventivamente em maio daquele ano — a maioridade penal em Portugal é de 16 anos.
Em maio deste ano, a Promotoria portuguesa denunciou o jovem à Justiça. Segundo o Ministério Público, o adolescente criou um grupo on-line e recrutou membros com o objetivo de levá-los a praticar crimes, “entre os quais, homicídio, ofensas à integridade física, pornografia de menores e maus-tratos de animais”, afirma a nota .
O português foi denunciado por instigar o ataque em Sapopemba e outros seis crimes de homicídio, estes últimos não consumados. A denúncia atribui a ele, ainda, crimes como morte e maus-tratos de animais, pornografia de menores, e incitação ao suicídio.
A decisão de encaminhar o caso à PF decorre dos desdobramentos do ataque à escola de Sapopemba para além das fronteiras brasileiras e a dificuldade da polícia paulista em ter acesso às conversas do adolescente brasileiro no Discord — o material não foi disponibilizado pela plataforma aos investigadores paulistas até este momento.
As apurações da Polícia Civil levantaram suspeitas sobre o envolvimento de pessoas do Paraná, Rio de Janeiro, além de moradores de São Paulo, no caso. Os suspeitos identificados, seis ao todo, compartilhavam grupos no Discord com o autor dos disparos em Sapopemba.