Atentado contra ex-prefeito de Taboão da Serra durante campanha eleitoral foi forjado, conclui polícia

A Polícia Civil e o Ministério Público (MP) concluíram que a tentativa de homicídio contra José Aprigio (Podemos), então prefeito de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, em outubro de 2024, foi forjada. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (17) pela equipe de reportagem.

Na época, Aprigio, que concorria à reeleição, alegou ter sido baleado no ombro esquerdo por um tiro de fuzil disparado de um veículo. O carro blindado do político foi atingido por seis disparos, mas apenas o prefeito foi ferido. O motorista, um secretário e um fotógrafo que estavam no veículo não foram atingidos.

A investigação apontou que o ataque foi uma simulação com o objetivo de sensibilizar os eleitores e impulsionar a campanha de reeleição de Aprigio, que na época disputava o segundo turno com Engenheiro Daniel (União Brasil).

A Polícia Civil e o MP deflagraram nesta segunda-feira a “Operação Fato Oculto” para prender os envolvidos na fraude. Ao menos nove pessoas, incluindo três secretários de Aprígio à época, são investigadas por participação no esquema. O próprio ex-prefeito também é investigado.

Vídeos gravados pela comitiva de Aprígio mostravam o prefeito sangrando no carro e ele falando no hospital. As imagens foram amplamente divulgadas nas redes sociais e viralizaram. Apesar da comoção, Aprigio não conseguiu se reeleger e perdeu a disputa para Daniel.

Segundo a investigação, os secretários José Vanderlei (Transportes), Ricardo Rezende (Obras) e Valdemar Aprígio (Manutenção) foram os mentores da simulação. Eles contaram com a ajuda do sobrinho do prefeito, Christian Lima Silva, que já havia sido investigado por forjar um ataque contra si mesmo em Alagoas, em 2020.

Os secretários teriam contratado dois homens, Anderson da Silva Moura, o “Gordão”, e Clovis Reis de Oliveira, para encontrarem os atiradores. Anderson foi preso nesta segunda-feira durante a operação, enquanto Clovis está foragido.

Anderson e Clovis teriam contratado Gilmar de Jesus Santos, o atirador, e Odair Júnior de Santana, que dirigiu o veículo no dia do crime. A arma utilizada na farsa, um fuzil AK-47, foi comprada por R$ 85 mil. Os executores receberam R$ 500 mil, cada um, pela simulação.

Gilmar foi preso em 2024 durante a investigação. Odair e Jeferson Ferreira de Souza, que ajudou na fuga e incendiou o carro utilizado no crime, também estão foragidos. O fuzil usado na farsa ainda não foi encontrado.

A Justiça negou o pedido de prisão dos três secretários, do sobrinho e do ex-prefeito, mas autorizou buscas e apreensões em suas propriedades. Buscas também foram realizadas na casa de Hélio Tristão, ex-coordenador de campanha de Aprígio.

Com a conclusão da investigação, a hipótese de atentado político contra Aprígio foi descartada. A reportagem tenta contato com os citados para que comentem o assunto.

Na época do ocorrido, a assessoria de Aprígio informou que o tiro perfurou o vidro blindado e atingiu o prefeito, que fraturou a clavícula com o impacto. Estilhaços da bala ficaram alojados em seu corpo. Ele foi socorrido por sua equipe e levado para um hospital em Taboão da Serra, sendo posteriormente transferido para a UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

A Polícia Federal (PF) também investigou o caso, mas não divulgou mais detalhes.


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