O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso sempre negou rumores de que deixaria a mais alta corte do país antes da aposentadoria compulsória, aos 75 anos. Atribuía os boatos, em tom de brincadeira, a pessoas que se apresentariam como potenciais pretendentes a sucedê-lo. Em entrevista exclusiva às Páginas Amarelas de VEJA, porém, o magistrado admitiu pela primeira vez que, de fato, pensou em abreviar sua carreira de julgamentos e deixar a corte assim que acabasse seu período na Presidência, dentro de dois anos.
Apesar de insuflado por declarações como a do ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, que recentemente brincou que o juiz estava “pronto para uma nova Presidência”, Barroso diz que sua eventual saída da Corte tinha por objetivo cuidar da esposa Tereza Cristina Barroso, que se tratava de um câncer. Ela faleceu em janeiro deste ano.
“A aposentadoria era um fato um pouco associado à minha vida conjugal. Minha mulher já estava doente, mas ainda tinha uma perspectiva de alguns anos de vida e eu pensava realmente em, depois da Presidência, me aposentar e cuidar dela, passar alguns anos com ela”, disse Barroso a VEJA em seu gabinete no STF. “Era um pouco um projeto familiar. Agora não é um projeto mais. Não estou dizendo que não vou fazer ou que vá fazer, mas a minha motivação anterior já não existe mais”, completou. Pelas atuais regras, ele pode ficar no tribunal até março de 2033.
Críticos de Luís Roberto Barroso atribuíam a hipótese de aposentadoria antecipada a supostas aspirações políticas do magistrado. Ele nega que tenha projetos eleitorais e afirma que a declaração de Sarkozy foi, antes de tudo, um elogio a avaliações dele de que o país deveria se unir em torno de temas como erradicação da pobreza, crescimento econômico, desenvolvimento da educação básica, segurança pública e proteção do meio ambiente. “O presidente Sarkozy fez o comentário que ele achou próprio fazer. Talvez sem ter se dado conta – eu falei em português e ele estava sem tradução – que eu estava falando de uma agenda da Constituição, e não a uma agenda minha. Mas elogio é sempre bom”, afirmou o ministro.
FONTE: VEJA