Barroso considera deixar STF; entenda o motivo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, tem expressado frustração com o atual clima de divisão interna na Corte, alimentado sobretudo pelo protagonismo de seu colega Alexandre de Moraes em inquéritos sensíveis, como o que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Em público, Barroso tem adotado uma postura conciliatória, buscando reduzir o destaque do Supremo em meio à crise institucional. No entanto, nos bastidores, segundo o site Poder360, o ministro tem se mostrado impotente diante do cenário atual e estaria cogitando deixar o STF após concluir sua presidência, em setembro, quando passará o comando da Corte ao ministro Edson Fachin.

A possível saída de Barroso ocorre em paralelo à suspensão de seu visto de entrada nos Estados Unidos — país com o qual mantém vínculos acadêmicos e pessoais, incluindo temporadas em Harvard e a posse de um imóvel em Miami.

Caso Barroso realmente decida antecipar sua aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá nomear mais um ministro para o Supremo. Em seu terceiro mandato, Lula já indicou dois nomes: Cristiano Zanin e Flávio Dino. Entre os cotados para uma possível nova indicação estão o ministro do TCU Bruno Dantas, o advogado-geral da União Jorge Messias, o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o ministro da CGU Vinicius Carvalho.

Prisão domiciliar de Bolsonaro gera tensão e surpreende ministros

A prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes contra o ex-presidente Jair Bolsonaro também causou apreensão dentro do STF. Parte dos ministros foi pega de surpresa com a decisão, tomada às vésperas do julgamento sobre as acusações de tentativa de golpe em 2022.


A medida intensificou a tensão política no país e agravou as já delicadas relações diplomáticas com os Estados Unidos. Na semana passada, o presidente norte-americano Donald Trump formalizou tarifas de 50% sobre exportações brasileiras em retaliação ao que chamou de “caça às bruxas” conduzida por Moraes contra Bolsonaro.

Fontes ouvidas pela agência Reuters apontam que a decisão de Moraes provocou preocupação dentro do governo Lula, temeroso de novas retaliações que afetem a economia nacional. Ainda assim, o Palácio do Planalto não pretende interferir nas decisões do STF.

Apesar das reações divergentes, ministros do Supremo ouvidos sob anonimato disseram apoiar Moraes e sua atuação na defesa do Estado Democrático de Direito. Ao mesmo tempo, reconhecem que sua postura firme também tem gerado críticas e acusações de abuso de autoridade.

O governo federal, por sua vez, pretende adotar uma estratégia de contenção de danos diante das tarifas impostas pelos EUA, com medidas de apoio aos setores prejudicados e a manutenção do diálogo diplomático para evitar um isolamento comercial.

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